O presidente norte-americano, Barack Obama, disse hoje (21) estar convencido de que o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos à ilha caribenha há mais de meio século sobre Cuba “vai terminar”. Obama, entretanto, não determinou uma data para o fim das restrições.
Segundo Obama, que fez a declaração durante uma coletiva de imprensa em Cuba com a participação do chefe de estado cubano Raul Castro, o fato da comitiva norte-americana ter a participação de cerca de 40 congressistas, inclusive republicanos (que atualmente são maioria no Congresso norte-americano) é um sinal de que existe uma pressão dentro do parlamento dos EUA para acabar com o embargo.
“A lista de medidas que podemos decidir administrativamente é cada vez mais curta e as mudanças vão agora depender do Congresso”, disse o presidente norte-americano.
Raul Castro disse que o fim do embargo e o regresso da Prisão de Guantánamo à soberania cubano são necessárias para a normalização das relações entre Havana e Washington. “Existem profundas diferenças entre os nossos países que ainda se mantém”, disse Castro. No entanto, ele diz que é necessário concentrar-se “naquelas coisas que aproximam” os dois países.
Decretado em fevereiro de 1962, e ampliado pela Lei Helms-Burton, de 1996, o embargo é frequentemente denunciado por Cuba como um obstáculo ao desenvolvimento da ilha, que estima prejuízos estimados em mais de US$ 100 milhões.
Em seu discurso, Obama disse que o encontro com Castro representa um “novo dia” para as relações entre Cuba e os Estados Unidos e, após uma reunião de três horascom o presidente cubano, o chefe de Estado norte-americano disse que o destino de Cuba não será decido pelos Estados Unidos ou qualquer outro país.
“O futuro de Cuba será decido pelos cubanos”, disse Obama. O presidente norte-americano acrescentou que vai continuar a tratar com o governo cubano sobre questões ligadas a direitos humanos e às liberdades individuais.
Obama também anunciou o encerramento um imposto de 10% que é cobrado na conversão de dólar para o peso cubano. “Isso vai abrir as portas para mais viagens e mais comércio”. Em 2016 foram restaurados os voos diretos entre Estados Unidos e Cuba.
O presidente acrescentou que as relações entre os dois países não vai mudar rapidamente. “Após mais de cinco décadas de muita dificuldade, as relações entre nossos países não serão transformadas da noite para o dia”.
Obama também disse que deixou claro para Castro que as relações não terão um retrocesso, pois os Estados Unidos não vêem mais Cuba como uma ameaça. Ele acrescentou que sua visita a ilha represente um novo capítulo nas relação Cuba-EUA.
Presos políticos
Durante a entrevista coletiva, ao ser questionado por um jornalista norte-americano, o presidente cubano Raul Castro contestou a existência de presos políticos na ilha. “Dê-me uma lista dos prisioneiros políticos e irei libertá-los imediatamente”, respondeu. “Após este encontro, pode me dar a lista de prisioneiros políticos. Se tivermos esses presos políticos, serão todos libertados antes da noite acabar”.
O encontro bilateral entre os líderes cubano e norte-americano ocorre durante a visita oficial de Obama à ilha caribenha - o primeiro presidente norte-americano em exercício a pisar solo cubano em quase nove décadas -, e do processo de restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, que durante mais de meio século viveram com relações diplamáticas e comerciais cortadas.