O médico Luiz Gabriel Signorelli, diretor geral da Santa Casa de Itatiba (SP), usou as redes sociais para desabafar e criticar as irresponsabilidades cometidas pelo cidadãos durante a pandemia da Covid-19. Entre elas, ele destaca os vários pacientes em estado grave que atendeu na véspera de Natal (24), todos envolvendo álcool e direção.
Ao Portal Uol ele falou que tentou esclarecer a população sobre os cuidados com a contaminação pela covid-19 e que não esperava que o caso tomasse proporções fora da cidade.
Na gravação feita para as redes sociais, o diretor afirmou que a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital está lotada, que a equipe está sobrecarregada e, ao citar acidentes de trânsito causados por motoristas embriagados ou drogados, pediu para que as pessoas parassem 'de fazer m***'.
Após horas de trabalho no plantão e tratando casos que, segundo o médico, poderiam ser evitados, o diretor fez um apelo através de um vídeo postado nas redes sociais.
Esta madrugada, eu passei inteira cuidando de paciente com trauma, moto com álcool. Não dá. Entendam isso. Se você bebe e pega a moto, bebe e pega o carro, você é um irresponsável. Está entendendo? Você não tem empatia. Você não sabe o que é ter empatia. Não façam isso. Agora de manhã [24 de dezembro], mais de seis traumas, de manhã. De madrugada, três traumas. Todos com álcool e direção. Todos. E graves. Pensem um pouquinho antes de fazer m***. Entendeu? Não aguentamos mais".
De acordo com o médico, a UTI da Santa Casa comporta, normalmente, um total de dez pacientes, sendo três em isolamento - como é necessário para os cuidados com a covid-19. No período da pandemia foram abertos mais dez leitos, que, segundo Signorelli, atendeu bem a demanda de maio a outubro, até acabar a verba e ser necessário fechar os leitos extras. Com isso, em novembro, o hospital voltou a ter apenas três leitos de UTI com isolamento.
O médico ressaltou que a situação da covid-19 no país é complexa e que o desafio das autoridades públicas é muito grande. "Não existe uma 'bala de prata', como 'fique em casa' ou 'a vida continua'. Sou médico assistencialista e gestor, nossa função é atender a quem precisa. Os gestores públicos precisam equilibrar essa recomendação. Entendo que não é fácil", opinou.
"O que a população precisa fazer é se cuidar, cuidar do próximo. Isso vai passar, mas precisamos compreender que, neste momento, os serviços hospitalares precisam estar à disposição de quem adoece", complementou o diretor em entrevista ao Portal Uol.