Na gestão de Jair Bolsonaro, os sindicatos de MS praticamente naufragaram, principalmente depois da extinção do imposto sindical anual. E, apesar de dados do IBGE indicarem queda 1,6% de sindicalizados em 2019, sindicatos do estado citam que a procura teve retomada diante da crise causada pela pandemia.
Segundo o IBGE, em pesquisa realizada em 2019 foi apontado que 130 mil trabalhadores estavam associados a algum sindicato em MS. Ou seja, o percentual de 9,7%, que é o menor desde o início da pesquisa. Em 2018, o percentual era de 11,3% e 4,7% a menos que o obtido em 2012, quando era de 14,4%. Em MS, número também é menor que a média nacional de 11,2%.
Retomada dos sindicalizados
Apesar dos dados indicarem queda e baixa procura em 2019, representantes de Sindicatos do Estado citam que houve aumento da procura pelos sindicatos na chegada da pandemia e crise econômica. A aflição sobre perda de direitos, desemprego e jornada de trabalho são itens mais falados.
A presidente do Sindicato dos Correios de MS, Elaine Oliveira, disse que no caso dos Correios, que é uma empresa pública, o número de afiliados aumentou nos últimos meses. Isso porque a autarquia está prestes a ser privatizada e parte dos trabalhadores é contra a medida e redução de direitos adquiridos.
“O nosso sindicato é estadual e hoje temos quase 1.300 trabalhadores. No nosso caso, não tivemos redução de sindicalizados. A gente de certa forma não tem a rotatividade de trabalhadores do setor privado, então não teve essa diminuição. Inclusive, na conjuntura de ataques que sofremos diariamente, temos recebido mais filiações do que desfiliações. Estamos em movimento de greve há 16 dias e muitos que não eram do sindicato estão se filiando”, explicou Elaine.
Da mesma maneira, o presidente do Sindjor (Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MS), Walter Gonçalves, disse que o número de sindicalizados possuía uma média baixa em 2019, quando a nova diretoria assumiu. Ele cita que nos últimos meses houve mais procura para sindicalizados regularizarem pagamentos, profissionais querendo sindicalizar e obter carteira da Fenaj (Federação dos Jornalistas), por exemplo.
“Muita gente não se associava porque não tinha noção do trabalho do sindicato. É claro que o imposto sindical interferiu bastante na questão financeira. E toda a campanha que o governo faz numa tentativa de desqualificar os sindicatos também interfere bastante, mas tivemos uma alta procura nos últimos meses, não só para sindicalizar como também para orientar os profissionais”, disse.
Walter esclareceu que o Sindjor não auxilia somente afiliados e que está de portas abertas para toda a categoria. Ele cita que, na pandemia, os serviços do sindicato se intensificaram, e foram ofertados 350 testes de covid-19 em Campo Grande após ofício enviado a Secretaria Estadual de Saúde. O sindicato cobrou das empresas equipamentos de segurança e home office principalmente para pessoas em risco. Agora, cerca de 400 testes de covid-19 serão disponibilizados em 53 municípios do interior. Os profissionais poderão se apresentar com crachá ou carteira de trabalho nas secretarias municipais para fazer o teste.
“Eu estou sentindo que ainda não é uma coisa grande. Mas, as pessoas, no geral, estão procurando mais os sindicatos por questões de cortes de salário, aumento de jornada e redução. Existe o medo pelo período de crise e o papel do sindicato é sempre auxiliar a toda categoria” finaliza.
Mais dados
Em MS, quando analisados os sexos, os homens ainda têm preponderância nos sindicatos. Em 2019, em MS, 10,1% dos homens ocupados eram associados, enquanto 9,1% das mulheres o eram.
O IBGE publicou pesquisa sobre os dados do mercado de trabalho 2019, no dia 26 de agosto, para expor características adicionais do mercado de trabalho 2019, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.