Um menino com paralisia cerebral emocionou a sua fisioterapeuta ao conseguir, pela primeira vez, dar alguns passos sozinho. A cena foi gravada dentro de uma clínica em Santos, no litoral de São Paulo, e viralizou nas redes sociais, deixando milhares de pessoas comovidas com o esforço e a conquista do pequeno Dudu, de apenas três anos.
Mãe de três filhos, a dona de casa Juliana Lopes conta que Eduardo nasceu com 34 semanas de gestação. Prematuro, ficou internado na UTI por 25 dias. Juliana saiu do hosptial com o filho sabendo que ele poderia ter sequelas. Quando o menino tinha quase um ano, veio o diagnóstico de paralisia cerebral. "Ele não ficava sentado, não levantava o pescoço. A médica falou que ele tinha paralisia cerebral de 'Grau 3'", contou a mãe.
A paralisia afetou os membros inferiores de Eduardo e, principalmente, os movimentos do lado esquerdo. A fala, a visão e a digestão não foram afetadas. Com a mobilidade comprometida desde cedo, Eduardo começou a ser atendido na Casa da Esperança de Cubatão, cidade onde mora. Em 2017, a mãe entrou com uma liminar na Justiça e conseguiu que o filho fosse atendido na clínica Therapies 4Kids, em Santos.
A fisioterapeuta Caroline Araujo, que já acompanhava Dudu desde os primeiros meses de vida, iniciou o método 'PediaSuit' com ele. Criado em 2005, nos Estados Unidos, o tratamento PediaSuit é direcionado a pessoas com distúrbios neurológicos e outras condições que afetam as funções motoras. Todo o procedimento tem como base um programa de exercícios específicos e intensivos com a ajuda de calças especiais e um macacão terapêutico.
“Ele faz um mês de exercícios intensivos, quando vem cinco vezes na semana e fica quatro horas por dia. Depois, entra na fase de manutenção de 15 dias. Neste período, ele vem somente três vezes na semana. Depois, reinicia uma nova fase de exercícios intensivos. A gente precisa desse tempo para dar uma cansada na musculatura”, explica a fisioterapeuta. Em um mês, Dudu já dava alguns passos com a ajuda de aparelhos.
Durante uma das sessões, no dia 14 de novembro, veio a grande e maior conquista de Dudu, que acabou sendo gravada em vídeo por uma funcionária da clínica. Dentro da sala, o menino ficou em pé com o macacão do tratamento. A fisioterapeuta, ao seu lado, deu as orientações e incentivava o menino a caminhar. Dudu, então, conseguiu ficar em pé e dar os primeiros passos sozinho. Ele seguia os comandos dela e, a cada pisada, continuava confiante.
A emoção tomou conta da fisioterapeuta ao ver a cena. Ela começou a chorar quando se deu conta que o menino estava andando sozinho pela primeira vez. “Eu não esperava. Eu gravo todos os meus atendimentos. Nesse dia, estávamos trabalhando muito a marcha e eu ficava sempre atrás dele. Eu vi que ele poderia e, então, fiquei do lado. Na primeira tentativa, ele conseguiu. Aquilo mexeu comigo porque veio na minha cabeça todo o trabalho que tivemos. Eu não queria chorar, mas não consegui, não conseguia mais nem dar os comandos. A emoção falou mais alto”, disse ela.
A mãe de Dudu ficou sabendo da conquista do filho minutos depois. Ela estava em Cubatão, na casa de uma amiga, quando a fisioterapeuta mandou o vídeo pelo celular. “Eu comecei a chorar. Ela sempre me manda os vídeos dele, mas dessa vez me emocionei mais ainda. Eu passei mal, minha pressão subiu. Eu não acreditava no que eu estava vendo”, falou.
O vídeo foi publicado nas redes sociais e emocionou, também, outras milhares de pessoas. Muitos elogiaram a profissional e a superação de Dudu. Para Caroline, a conquista foi uma supresa, mas ela diz que acreditava muito no potencial do menino. "No paciente neurológico o processo é lento. A gente precisa trabalhar com o lúdico, sempre lidando com a emoção da criança. Leva um tempo considerável. Eu acompanho o Dudu desde que ele tinha 1 ano, desde o sentar, o ajoelhar, ele ficar em pé e até agora. Ele é uma criança muito esperta. A gente sabia que ele ia andar", completou.
Já a mãe de Dudu diz que força de vontade e a garra do filho foram essenciais para essa conquista. Mas, segundo ela, não seria possível atingir esse objetivo sem a paciência e a dedicação da fisioterapeuta. “A Carol é expecional. Ela trata o Dudu como se fosse o filho dela. Quem trabalha com criança especial sabe que não é fácil. No caso do meu filho, ele é bem consciente, mas tem um temperamento forte. Ela é incrível, admiro muito ela e o amor que ela tem pela profissão”, falou Juliana.
A conquista também foi especial para a fisioterapeuta Caroline. “Todos querem que ele seja independente. É muito gratificante ver que o seu trabalho deu certo. Sou apaixonada pela profissão e, quando fazemos com amor e carinho, você colhe bons resultados. Naquela hora que o vi andando, veio um filme na minha cabeça e foi muito gratificante”, finalizou.