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28/12/2022 19:57

Mãe de adolescente morta por overdose em banheiro de escola processa organismo nos EUA

Um funcionário do estabelecimento de ensino a encontrou inconsciente

Melanie Ramos se despediu deste mundo com apenas 15 anos, no chão frio de um banheiro de uma escola em Los Angeles, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, no dia 13 de setembro, tendo sido encontrada por um funcionário da escola e pelo padrasto de uma colega dela. 

Uma amiga da garota foi encontrada naquele dia, pouco tempo antes, apresentando sintomas de overdose, mas ainda conseguindo se comunicar, e contou que havi tomado um medicamento à base de oxicodona, um opioide. Por sorte, a amiga sobreviveu, mas Melanie foi declarada morta logo após ser encontrada. 

Posteriormente, a polícia confirmou que as garotas haviam ingerido fentanil, um opioide sintético que é analgésico e anestésico, 50 vezes mais forte que a heroína e 100 vezes mais forte que a morfina. 

Apesar da dor, Elena Perez, a mãe da adolescente, encontra forças para buscar justiça pela filha, para que nenhum pai precise passar pelo que ela passou. 

Segundo a BBC News, com este objetivo, ela acaba de processar o Lausd (Distrito Escolar Unificado de Los Angeles, na sigla em inglês), o organismo público que administra a escola que sua filha frequentava e outras 1.300 escolas no sul da Califórnia.

Negligência

Cerca de oito horas antes que o corpo da menor fosse encontrada, a escola havia avisado Elena que ela não havia comparecido às aulas no período da tarde, ao que a mãe afirmou que a filha tinha, sim, ido à escola e pediu que a procurassem. 

A notícia da morte da adolescente somente chegou à mãe na madrugada do dia seguinte, depois de horas angustiada, sem conseguir trabalhar e, ao chegar em casa, ver que a filha não havia dado sinal. Assim, Elena acabou por ligar para o 911, que é o serviço de emergência daquele país, e denunciou o desaparecimento da filha. 

A ação de danos, perdas e morte por negligência argumenta que a escola e o distrito não cumpriram com seu trabalho de proteger a aluna e que a falta de supervisão causou "atraso na aplicação do tratamento que poderia ter salvado sua vida".

A ação também afirma que os funcionários e administradores sabiam que os banheiros da escola eram "um refúgio seguro" no qual os estudantes compravam, vendiam e consumiam substâncias ilegais. E, com base nisso, solicita o julgamento pelo júri.

E, somente naquele mês de setembro, houve sete overdoses em diferentes escolas do mesmo distrito.

Ao entrar em contato com o organismo pedindo sua versão e a reação à ação judicial, a BBC News Mundo foi informada que "o Distrito Escolar Unificado de Los Angeles não comenta sobre ações pendentes ou em andamento. Mas a segurança e o bem estar dos nossos estudantes e funcionários continuam sendo nossa prioridade máxima".

Crise crescente

O Lausd é o segundo maior organismo do tipo nos Estados Unidos, só ficando atrás da cidade de Nova York. Ele tem mais de meio milhão de alunos sob sua responsabilidade e tentou combater a crise organizando seminários online para pais e lançando campanhas de conscientização nas redes sociais e, além disso, distribuiu, para cada escola, duas doses de naxolona, um antídoto contra overdose que costuma ser comercializado como spray nasal, com a marca Narcan.

Há, também, a colaboração com o LAPD (Departamento de Polícia de Los Angeles), para identificar as áreas da cidade onde pode ocorrer o comércio de drogas. 

Na semana da morte de Melanie, o LAPD informou a detenção de um jovem de 15 anos, aluno de uma academia que compartilha o campus da escola Helen Bernstein, por homicídio culposo por, supostamente, vender a pastilha que ela tomou. Outro menor, de 16 anos, foi preso sob a acusação de vender a mesma substância em um parque próximo à escola.

Estatísticas

Mais de 100 mil pessoas morrem de overdose por ano nos Estados Unidos, sendo 80 mil delas por consumo de opioides, segundo os dados mais recentes do NCHS (Centro Nacional de Estatísticas da Saúde, na sigla em inglês). Esse número cresceu 850% em duas décadas tendo como principais vítimas fatais os adolescentes.

Segundo dados dos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, na sigla em inglês), o consumo de drogas entre adolescentes com 14 a 18 anos de idade permaneceu praticamente estável na última década.

Mas as mortes por overdose de fentanil nessa população aumentaram nesse período. Elas mais que duplicaram entre 2019 e 2020, passando de 253 para 680, segundo as estatísticas dos CDCs. Em 2021, o número foi de 884. O fentanil causou 77,14% das mortes por drogas ocorridas no ano passado.

Especialistas destacam que o fentanil é usado com frequência em mistura com outras drogas que causam dependência, e que a substância também é vendida na forma de comprimidos, às vezes com o aspecto de outros farmacêuticos.

Além disso, a Administração de Controle de Drogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês) advertiu sobre a existência no mercado negro de pílulas "arco-íris" de fentanil, "com aparência de doce", destinadas aos consumidores jovens.

Assim como as vítimas, as apreensões de fentanil também se multiplicaram. A Divisão de Gangues e Narcóticos do LAPD apreendeu 117 mil pastilhas em 2020. Em 2021, foram 858 mil e, neste ano, já são mais de 3 milhões de pastilhas.

O rosto de Melanie Ramos é um entre as estatísticas nefastas. 

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