Lançado nos Estados Unidos no verão do ano passado, o livro "Red Card: How the U.S. Blew the Whistle on the World's Biggest Sports Scandal" ("Cartão Vermelho: Como os EUA revelaram o maior escândalo desportivo Mundial"), do jornalista Ken Bensinger, relata com detalhes o escândalo de corrupção da FIFA, revelado em 2015.
O mesmo livro é vendido em Portugal desde junho do ano passado, mas no Brasil nunca chegou a ser colocado à venda. A exclusividade para a publicação no país sul-americano foi comprada pela Globo Livro, editora do Grupo Globo, em 2015, quando a obra ainda estava em produção, mas o seu lançamento foi sempre adiado. Porquê? Porque o grupo de media brasileiro é citado quatro vezes no livro.
"É muito estranho, porque eles compraram, me pagaram, uma pessoa da Globo mostrou a meu agente o manuscrito em português, e era para ser publicado em maio, em junho, em julho, e nunca foi publicado", disse Ken Bensinger, em declarações ao jornal Folha de São Paulo.
Em duas das quatro passagens nas quais a Globo aparece no livro, o nome mencionado é o de J.Hawilla. O empresário, que morreu em 2018, denunciou algumas informações na investigação das autoridades americanas sobre a corrupção na FIFA.
J. Hawilla admitiu ter subornado dirigentes para a compra de direitos de transmissão de torneios da FIFA (Mundiais de 2010 e 2014) e da CBF. Hawilla trabalhou na Globo como repórter e depois como chefe do departamento de desporto da emissora, nas décadas de 1970 e 1980.
Noutra passagem do livro, Bensinger reproduz o depoimento de Alejandro Buzarco na investigação, ex-homem-forte da companhia de marketing argentina Torneos y Competencias. Buzarco afirmou, em novembro de 2017, que a Globo e a rede mexicana Televisa pagaram um suborno a um dirigente da FIFA durante negociação para compra de direitos de transmissão do Campeonato do Mundo.