O governo do presidente Jair Bolsonaro que tem minimizado a importância da vacina contra a covid-19 e já declarou que não será imunizado contra a doença diminuiu os gastos com campanhas de incentivo a vacinação em 2019 e em 2020, segundo a Uol Notícias.
Conforme o site, a redução dos valores em relação ao último ano do governo de Michel Temer (MDB), quebra uma trajetória ascendente de investimentos em propaganda de imunização no país.
De 2018 para o ano passado, a redução dos valores pagos com campanhas de imunização foi de 21%, considerando-se a correção da inflação no período. As despesas caíram de R$ 77 milhões para R$ 60 milhões, conforme dados da execução orçamentária e do próprio governo, obtidos pelo UOL. Esses valores não se referem ao gasto com compra de imunizantes — que vem crescendo na última década —, mas a campanhas de divulgação nacionais.
A Uol diz, que em 2020, até o último dia 22 de dezembro, os valores gastos com as campanhas foram de R$ 45,7 milhões — o que equivale a uma queda 24% em relação ao primeiro ano do governo de Bolsonaro. Esse montante não inclui investimentos previstos para divulgar vacinação da covid-19, que ainda não têm data para ser realizada no país.
O Ministério da Saúde disse que a queda de gastos em 2019 se deve "à redução orçamentária" da pasta. O governo não se manifestou sobre a situação neste ano, marcado pela pandemia do novo coronavírus, que já matou quase 190 mil pessoas no país.
A justificativa, no entanto, contradiz os dados do orçamento do ministério hoje comandado pelo general Eduardo Pazuello, depois da passagem por outros dois ministros, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, durante a crise sanitária provocada pela covid-19.
Entre 2015 e 2020, o orçamento da pasta passou de R$ 131 bilhões para R$ 160 bilhões pagos —com um ano de queda, em 2017. Nos governos de Dilma Rousseff (PT) e Temer, mesmo quando o orçamento caiu, os gastos com campanhas de vacinação subiram. Já no governo Bolsonaro, as despesas do ministério subiram, mas os dispêndios com campanhas foram reduzidos. Procurada a pasta não se manifestou.
Evolução do orçamento do Ministério da Saúde, em valores corrigidos:
2015 - R$ 131,8 bilhões
2016 - R$ 133,5 bilhões
2017 - R$ 130,7 bilhões
2018 - R$ 136,9 bilhões
2019 - R$ 138,8 bilhões
2020 - R$ 160,5 bilhões.
Questionado pela reportagem se relaciona a queda na cobertura de vacinação à diminuição dos gastos com campanhas de imunização na gestão Bolsonaro, o ministério diz identificar redução de cobertura "especialmente a partir de 2016" e afirma que alguns fatores podem estar envolvidos na queda das coberturas vacinais, como: "sucesso das ações de vacinação, que podem causar falsa sensação de que não há mais necessidade de se vacinar"; falta de conhecimento da população sobre a importância da imunização; alimentação irregular do sistema de informação"; boatos ou "fake news" sobre vacinas
Segundo a pasta, em abril do ano passado, o governo federal criou o Movimento Vacina Brasil, "como estratégia de conscientização da população para a importância da atualização da situação vacinal".