O dono de um Porsche que espancou um idoso em Praia Grande, no litoral de São Paulo, no dia 12 de fevereiro deste ano, vai responder pela acusação em liberdade após ter um habeas corpus concedido pela Justiça.

Richard Henrique Julião, de 21 anos, chegou a ter um mandado de prisão expedido e foi considerado foragido. O mandado foi revogado após concessão do habeas corpus, em 7 de março, segundo a defesa.

Ele espancou Argemiro Soares da Silva, de 78 anos, após o idoso reclamar do barulho do Porsche de Richard. Gravações mostram moradores do prédio reclamando com o dono do carro, que acelerava o veículo ostentando o som do motor.

As imagens também mostram o momento das agressões.

Reclamações de vizinhos e agressão

O caso aconteceu na Avenida Presidente Castelo Branco, no bairro Aviação, onde o agressor acelerava o carro de luxo em frente à residência da vítima. Moradores do prédio, incluindo o idoso, desceram até a rua para pedir ao condutor que parasse.

Sem cessar o barulho, o jovem continuou acelerando, quando a vítima decidiu se aproximar do veículo de luxo para conversar. Porém, quando chegou perto, o idoso foi xingado e atingido por um chinelo.

O motorista do veículo se dirigiu até a vítima e começou a desferir socos, derrubando o senhor de 78 anos no chão. Ele tentou se levantar, mas foi novamente derrubado com agressões.

No vídeo, feito por uma moradora, é possível ouvir o motorista ofendendo os moradores e ostentando seu dinheiro. “Eu tenho dinheiro, sua pobre”, provocou o agressor.

Conforme o boletim de ocorrência (B.O.), o motorista também estava acompanhado por um passageiro e um motociclista, que foram flagrados chutando a vítima antes de afastar o autor dos ataques. Após as agressões, os suspeitos fugiram.

Pessoas que estavam no local socorreram a vítima, e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado. Com hematomas na cabeça, rosto, nariz e olho, o idoso acabou levado para o Pronto-Socorro (PS) Central de Praia Grande.

O que diz a defesa

Em nota, o advogado Raphael Abib afirmou que Richard está colaborando plenamente com as investigações. “Dado que o procedimento tramita sob segredo de justiça, preservamos o sigilo das informações e reforçamos que qualquer manifestação será feita exclusivamente nos autos do processo”, disse a defesa.

Histórico de crimes e violências

Richard já foi acusado de violência doméstica, no início de 2023, pela então namorada. Em janeiro daquele ano, a companheira, de 20 anos à época, registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do Guarujá. Nos registros, obtidos pelo Metrópoles, ela contou que, após desentendimento em um hotel no qual casal estava hospedado, Richard deu socos e chutes nela.

A vítima chegou a ser socorrida por funcionários do estabelecimento. De acordo com o relato, ela ficou com vários hematomas pelo corpo e passou por atendimento médico. Depois, em fevereiro de 2023, a então namorada de Richard foi novamente à unidade da Polícia Civil para prestar um novo depoimento de agressão e citou que os episódios eram recorrentes.

Ele também já foi acusado de dar golpes com um banco digital em julho de 2023. O jovem, que tinha 19 anos na ocasião, faria empréstimos a outras pessoas, pedindo parte do dinheiro como “garantia” para liberar o montante.

A declaração vem do depoimento de um amigo dele, Everton Gustavo de Lima Maximiano, dado após uma blitz policial. O processo foi obtido pelo colunista Tácio Lorran, do Metrópoles. Julião, que dirigia um Kwid à época, não teria parado no bloqueio sob a justificativa de que não possuía habilitação.

Na revista, não encontraram itens ilícitos. O que chamou a atenção dos agentes, porém, foi a quantia de R$ 4.950 em espécie e três cartões em nome de Maximiano, que não soube informar a origem do dinheiro, guardados no porta-luvas.

Em depoimento, o motorista negou realizar transações ilícitas e praticar golpes. Também disse que conseguiria provar a origem lícita do dinheiro e justificou usar a conta do amigo por não ter cartões para saque.

E, neste ano, no dia 3 de janeiro, Richard empurrou e xingou guardas civis municipais de “pobres” e de “paus no cu”. Assim como a agressão ao idoso, o caso ocorreu em Praia Grande. No episódio, ele havia sido abordado após ter estacionado em uma faixa de pedestres.

Quando foi identificado, Julião se exaltou, segundo a versão dos guardas. Nesse momento, empurrou e xingou a equipe, dizendo ter dinheiro e influência. Os guardas levaram Richard ao plantão da Central de Polícia Judiciária. Na delegacia, ele assinou termo de compromisso de comparecimento ao juizado especial criminal e foi liberado.