O corpo de Luciano Macedo, catador de lixo alvejado por três dos 83 tiros disparados por militares do Exército enquanto socorria a família do músico Evaldo Rosa, no último dia 7, em Guadalupe, não resistiu aos ferimentos e foi sepultado na tarde desta sexta-feira, no Cemitério do Caju, Zona Portuária do Rio. Amigos e familiares do catador prestaram suas últimas homenagens.
"Ele estava catando madeira pra construir o barraco dele. Tinha acabado de ganhar um terreno perto de onde foi baleado. Eu disse pra ele que ali era perigoso. Ele disse 'Coroa, ali tem Exército. Tá seguro'. Mas o Exército matou meu filho!", afirma aos prantos Aparecida Macedo, mãe de Luciano.
Ela relata ainda que sua família não recebeu nenhum tipo de ajuda do Exército. "Foi uma covardia o que fizeram com meu filho. Até agora, não nos ofereceram nem um copo d'água", ressalta a mãe da vítima.
Além da família, amigos que frequentavam o mesmo centro de candomblé de Luciano também estiveram presentes no cortejo.
O corpo do catador foi coberto com a bandeira do Flamengo, time do qual Luciano era torcedor. "Um dos tiros ultrapassou a tatuagem do Flamengo que ele tinha. Esse time era a paixão da vida dele", disse Lucimara Macedo, de 38 anos, irmã de Luciano.