Ygor King, de 19 anos, e David Willian da Silva, de 18 anos, se apresentaram à Polícia Civil de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, às 10h30 desta quinta-feira (8). Os dois são suspeitos de participar do espancamento e da morte do jogador Daniel Correa Freitas.
A 11ª Vara Criminal de São José dos Pinhais expediu nesta quarta-feira (7) mandados de prisão temporária de 30 dias contra três suspeitos, Ygor, David e Eduardo Henrique da Silva, de 19 anos. Eduardo, que é primo de Cristiana Brittes, foi preso nesta quarta-feira (7) em Foz do Iguaçu, no oeste do estado.
Segundo a polícia, os três suspeitos teriam ajudado o empresário Edison Brittes Júnior na agressão a Daniel na festa que aconteceu na casa da família Brittes no dia 27 de outubro e na morte do jogador.
Segundo Allan Smanioto, um dos advogados de defesa de Ygor e David, os dois suspeitos estavam no carro que levou o jogador até à área rural de São José dos Pinhais, mas disse que eles não participaram da morte de Daniel.
De acordo com a defesa dos dois suspeitos, Ygor e David pediram, ainda na casa da família, para que Edison Brittes parasse de bater no atleta. "Eles estavam ameaçados, com medo", afirmou o advogado Allan Smanioto.
Na segunda-feira (5), o advogado que representa Ygor e David foi até a delegacia para colocar os dois suspeitos à disposição da polícia.
Os dois suspeitos estão presos na delegacia de São José dos Pinhais, mas só devem prestar depoimento na manhã de sexta-feira (9).
A família de Daniel está a caminho de Curitiba e deve depor ainda nesta quinta-feira.
Depoimentos
Edison Brittes depôs nesta quarta-feira (7) e confessou ter espancado e matado o jogador Daniel. A versão prestada no depoimento, no entanto, é diferente da apresentada dias antes em entrevista à RPC.
Em entrevista, Edison Brittes falou que a porta do quarto onde Cristiana estava foi arrombada por ele. No depoimento, disse que pulou a janela ao ver o jogador com a esposa.
Ele preferiu ficar em silêncio no interrogatório quando foi questionado sobre como o jogador foi morto, mas assumiu toda a autoria do crime.
O suspeito disse à polícia que queria humilhar o jogador, e que ficou transtornado ao presenciar a suposta violência contra a esposa dele, Cristiana Brittes. Segundo a versão de Edison, Daniel tentou estuprar Cristiana.
Allana e Cristiana também foram ouvidas pela polícia. A esposa do suspeito disse no interrogatório que acordou com Daniel deitado sobre ela. Cristiana disse à polícia que, de cueca e "excitado", ele esfregava o pênis, que estava para fora da cueca, pelo corpo dela.
Segundo depoimento de Cristiana, ao acordar e perceber a situação, começou a gritar assustada. Segundo ela, o jogador dizia: "Calma, é o Daniel".
A polícia ouviu testemunhas que estavam na casa na data do crime. Elas disseram que ninguém ouviu Cristiana gritando por socorro e que não viram a porta do quarto do casal arrombada. Uma das testemunhas afirmou que ouviu Daniel pedindo por ajuda e dizendo que não queria morrer.
O delegado Amadeu Trevisan disse, depois do depoimento das testemunhas, que não houve tentativa de estupro por parte de Daniel contra Cristiana. A Polícia Civil de São José dos Pinhais investiga o caso.
Nova perícia
De acordo com o Instituto de Criminalistica do Paraná, uma nova perícia no local onde o corpo de Daniel foi encontrado foi realizada na manhã desta quinta-feira (8). É a segunda perícia realizada no local.
Já foram realizadas perícias também na casa da família Brittes e no carro de Edison.
Segundo a polícia, foi feito um exame toxicológico no corpo de Daniel que apontou a presença de 13,4 decigramas de álcool por litro de sangue.
De acordo com o delegado que cuida do caso, Daniel não tinha condições de se defender das agressões com esta dosagem de álcool.
O laudo apontou que o jogador não usou drogas naquela noite.
Daniel
Daniel Corrêa Freitas nasceu em Juiz de Fora (MG), e jogou pelo Coritiba, em 2017.
Ele estava emprestado pelo São Paulo ao São Bento, equipe que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro. O jogador foi revelado pelo Cruzeiro e também jogou pelo Botafogo e pela Ponte Preta.
O corpo dele foi velado e enterrado em Conselheiro Lafaiete (MG), cidade onde mora a família.