Uma criança de quatro anos com paralisia cerebral foi encontrada morta em sua casa, em Sete Lagoas (MG), no último domingo (17/11), apresentando sinais de violência, desnutrição e maus-tratos. Os responsáveis pelo menino foram presos após funcionários de uma funerária identificarem as condições precárias do corpo e acionarem a polícia.
A mãe da criança, de 27 anos, relatou à Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) que o filho tinha paralisia cerebral desde os oito meses e era alimentado por sonda abdominal. Ela disse ter dado banho e alimentado o menino por volta das 12h daquele dia. Às 15h, ela afirmou que adiaria uma nova alimentação porque o encontrou dormindo. Segundo ela, apenas às 20h voltou ao quarto e percebeu que o menino estava sem sinais vitais e com o corpo frio.
Após constatar o óbito, a mãe acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que confirmou a morte no local, apontando causas inicialmente desconhecidas. A família contatou uma funerária para a remoção do corpo, mas os funcionários, ao notarem indícios de negligência, chamaram a polícia.
De acordo com a PM, o corpo da criança apresentava diversos ferimentos, dentes amarelados e cariados, larvas de mosca na pele, fralda suja e claros sinais de desnutrição.
No boletim de ocorrência, os agentes relataram que a mãe tinha plena consciência das condições do filho e foi autuada por homicídio qualificado, sob a alegação de omissão no cuidado que resultou na morte.
O padrasto da criança, que vivia com a mãe, também foi detido. Ambos foram encaminhados à delegacia para prestar depoimentos. O corpo foi levado para uma funerária e passará por exames periciais para determinar as causas da morte.
Investigação e outros filhos
A Polícia Civil informou que o casal suspeito foi ouvido nesta segunda-feira (18/11) e que a perícia já esteve no local para realizar os primeiros levantamentos. Novas informações serão divulgadas assim que possível, segundo a corporação.
O caso ganhou contornos ainda mais graves com a revelação de que outra filha da mulher, de apenas seis meses, morreu em circunstâncias suspeitas. A mãe alegou que a bebê faleceu ao se sufocar durante a amamentação, enquanto ambas dormiam.
Além do menino de quatro anos e da bebê de seis meses, a mulher tem outros três filhos, com idades de nove, oito e um ano, que foram encaminhados a um abrigo pelo Conselho Tutelar.
Falta de acompanhamento
Questionada pelo Metrópoles sobre o acompanhamento prestado à família, a Prefeitura de Sete Lagoas afirmou que não poderia esclarecer o histórico de assistência sem informações específicas sobre as unidades de saúde envolvidas e os registros de atendimento.
O caso segue em investigação.