A foto de um casal com a cara pintada de preto após festa em uma igreja de Petrópolis-RJ repercutiu e o Movimento Negro indicou prática racista. Além disso, a Comissão de Educação, Assistência Social e Defesa dos Direitos Humanos da Câmara de Vereadores entrou com uma notícia-crime no Ministério Público.
Conforme o G1, a imagem postada nas redes sociais, mostra às duas pessoas brancas com os rostos pintados com tinta preta e com perucas simulando o cabelo black power indicando a prática de blackface.
"Pra deixar bem claro: atitudes como essa é prática racista e racismo é crime. Solicito uma atitude do poder público e dos órgãos judiciais em relação a essa atitude", disse a coordenadora do Movimento Beleza Negra, Adriana Rangel.
"Diante desse nefasto ato de racismo, nós do movimento negro em Petrópolis iremos dar resposta a altura. Esse tipo de afronta não pode mais acontecer. É inadmissível", disse Nilson Siqueira da Silva, coordenador de formação política do Movimento Negro Unificado.
Notas de repúdio e dezenas de comentários desaprovando a atitude foram emitidas.
Em nota, a igreja disse que a festa foi realizada no sábado e que os participantes foram vestidos de fantasias escolhidas a critério de cada um, individualmente. A instituição disse, ainda, que os envolvidos não tinham conhecimento do que era o blackface e que fizeram suas fantasias sem a intenção de serem racistas.
O que é 'blackface'?
O "blackface" é uma prática que tem pelo menos 200 anos. Acredita-se que ela tenha se iniciado por volta de 1830 em Nova York.
Mas não se trata apenas de pintar a pele de cor diferente.
Era uma prática na qual pessoas negras eram ridicularizadas para o entretenimento de brancos. Estereótipos negativos vinham associados às piadas, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.
No século 19, atores brancos usavam tinta para pintar os rostos de preto em espetáculos humorísticos, se comportando de forma exagerada para ilustrar comportamentos que os brancos associavam aos negros. Também ridicularizavam os sotaques dos personagens que incorporavam nas peças.
Isso surgiu numa época em que os negros nem eram autorizados a subir nos palcos e atuar, por causa da cor da pele.