Lenilda dos Santos morreu aos 49 anos, quatro meses antes de realizar o sonho de ser avó de uma menina. O corpo da imigrante, que era de Rondônia, foi encontrado no deserto, onde tentava cruzar a fronteira do México com os Estados Unidos ilegalmente. Ela foi abandonada pelos amigos de infância com quem viajava.
Segundo o G1, uma das filhas da técnica de enfermagem, Genifer Oliveira, moradora de Vale do Paraíso (RO), contou que está grávida de cinco meses de uma menina e a mãe teria comemorado a novidade. Apesar de estar distante, prometia enviar várias roupinhas bonitas. "Ela queria tanto que fosse uma menina para encher ela de lacinhos, fazia muitos planos", disse Genifer
Genifer contou que agora a família tenta trazer o corpo da mãe para Rondônia para um velório e sepultamento digno. No entanto, as despesas com a documentação e translado custam aproximadamente R$ 120 mil.
Além disso, todo o processo pode demorar até três meses para ser concluído e eles finalmente receberem o corpo de Lenilda. As duas filhas criaram uma vaquinha online para tentar arrecadar o dinheiro das despesas.
Sonhos frustrados
Lenilda já tinha morado nos EUA há 10 anos e decidiu voltar no início de 2021 após receber a informação de que a fronteira iria ficar aberta por 100 dias. Ela foi detida por três meses na imigração do país até ser deportada de volta para o Brasil.
No dia 13 de agosto, Lenilda voltou a tentar entrar nos EUA, dessa vez através de uma coiote — pessoa paga para conduzir imigrantes ilegalmente pelas fronteiras.
Ela estava acompanhada de três amigos que conhecia desde a infância.
Após vários dias parado no México, o grupo começou a atravessar o deserto dia 6 de setembro, mas já no dia seguinte, Lenilda estaria muito debilitada por conta do cansaço, sede, calor e fome. A filha contou que ela chegou a desmaiar de mal estar.
Em vários áudios enviados aos familiares, Lenilda comentava que o grupo decidiu seguir viagem sem ela, mas prometeram que iriam voltar para buscá-la.
Antes de parar de responder as mensagens no WhatsApp, ela compartilhou a localização de onde estava e enviou um áudio com a voz bem rouca pedindo para alguém levar água quando fosse buscá-la, pois não estava mais "aguentando a sede".