Após dois anos de detenção por conta da morte de um bebê de oito meses, Dorgival da Silva Junior, de 24 anos, foi inocentado pelo Tribunal do Júri, em Petrolina (PE), na quinta-feira (25).
Conforme publicado pelo G1, a criança morreu em outubro de 2019 na casa onde morava com os pais e o irmão gêmeo.
Após 12 horas de julgamento no fórum da cidade, a defesa conseguiu provar a inocência do pai através de uma perícia particular, que comprovou que a criança morreu por asfixia pelo próprio vômito.
No dia da fatalidade, estavam na casa da família Dorgival, a mãe da criança, o irmão gêmeo e a babá. Todos dormiam após retornarem de uma festa de aniversário.
"Quando a gente acordou e fomos fazer o leite dos meninos, percebemos que um dos nossos filhos não estava respirando. Ligamos para o Samu, para saber o que tinha acontecido. O Samu chegou, viu a criança e, infelizmente, não tinha mais o que ser feito”, recorda Dorgival.
Depois de constatada a morte do bebê, a polícia foi acionada. “Foi feita a perícia e depois fomos encaminhados para a delegacia para prestar depoimento”, diz o pai.
Entretanto, o jovem foi apontado como suspeito do crime pouco tempo depois. A perícia que esteve na residência, detectou que o bebê sofreu uma asfixia direta, provocada pela obstrução das vias respiratórias, causando a morte.
“Os indícios iniciais traziam a presença de sangue humano em uma camisa utilizada por Dorgival, no dia anterior à morte do bebê. Essa camisa foi localizada pela perícia e, constatado que o sangue seria do bebê, houve a suposição de que o pai teria praticado o crime. Em razão disso, foi determinada a prisão dele”, explica o advogado.
Ele foi preso após 14 dias da morte do filho. "Nunca pensei que além da dor de perder meu filho, ia ser preso por conta disso. Fiquei realmente surpreso”, contou.
Para o advogado, a ajuda da família em solucionar o caso foi crucial.
“O que contribuiu sobremaneira, decorrente do próprio esforço, sacrifício financeiro feito pela família, que é uma família simples, mas que se desincumbiu de custear uma perícia particular, de ir em busca de outras provas, sob pena de um sacrifício feito por eles, mas que possibilitou uma contraprova em relação às provas inicialmente produzidas e o questionamento acerca dessas provas, demonstrando que havia falhas investigativas”.
O sacrifício para solucionar o caso custou cerca de R$ 50 mil à família. O dinheiro foi investido na elaboração da perícia complementar e na busca de provas. Apesar das dívidas, a mãe disse não se arrepender . “O mais difícil de tudo foi a ausência dele”.
Com a inocência comprovada, a família pode entrar com ações indenizatórias contra o Estado.
“A retratação social, ainda que ela se dê em parte, dificilmente se dará no todo, pela dificuldade de você atingir as mesmas pessoas que tiveram a notícia [de que Dorgival cometeu crime] inicialmente. O que se busca é reconstituir, minimamente, a dignidade dessa família, trazer de volta aquilo que foi perdido, em parte, porque nada devolverá a Dorgival a perda do convívio com filho sobrevivente durante esses dois anos e 14 dias, a vida que ele perdeu de construir”, diz o advogado