Em fevereiro, Mato Grosso do Sul, deve ter equipes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) desmobilizadas e o sistema aéreo transferidos para Brasília. As aeronaves ficarão centralizadas no Distrito Federal.
A reformulação do sistema foi determinação do coordenador-geral do Comando Conjunto de Operações Especiais, Jason Terêncio, e do Diretor de Operações, Fabio Ramos, em ofício circular do dia 8 de dezembro.
Segundo a Folha de São Paulo, o documento justificou que relatórios e vistorias apontaram falhas na cultura organizacional, treinamento e controle da atividade aérea da PRF e que a centralização do sistema “poderá propiciar maior controle e segurança operacional”.
A determinação foi comunicada aos superintendentes regionais da PRF.
A mudança começaria por Pernambuco, Santa Catarina e Bahia, em dezembro. Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul desmobilizariam as equipes em fevereiro e ainda seria definida uma data para a aplicação da medida no Rio de Janeiro.
Problemas
Conforme a Folha, um dos problemas da centralização é a falta de socorro e resgate em acidentes nas rodovias, por exemplo. Na segunda-feira passada, profissionais que atenderam vítimas do acidente com um ônibus de turismo na BR-376, em Guaratuba (PR), não contaram com aeronaves da PRF para o resgate, como era comum nesse tipo de ocorrência.
Assim, todo o deslocamento aéreo dos mais de 30 feridos foi feito com helicópteros das Polícias Militar do Paraná e de Santa Catarina. Outras 19 pessoas morreram.
Ausência da PRF
De acordo com a Folha, a ausência desses equipamentos da PRF ocorreu porque a direção nacional do órgão centralizou aeronaves da corporação, antes distribuídas entre sete estados, em Brasília.
Servidores do órgão alegam que a mudança gera mais custos e pode até inviabilizar operações, principalmente atendimentos de emergência, como o da BR-376.
Segundo um dos servidores ouvidos pela reportagem, que preferiu não se identificar, a medida gerou descontentamento entre os que trabalham com aviação na PRF, já que estão sendo obrigados a se mudar para Brasília ou retomar o serviço nas rodovias, caso escolham permanecer em suas atuais lotações.
A PRF não informou quantas aeronaves possui em cada estado, mas, conforme apurou a reportagem, são ao menos 16 equipamentos, sendo que sete deles já foram comprados, mas ainda não estão disponíveis.
Agora, para usar os aviões, cada estado tem que pedir autorização prévia para a direção do órgão em Brasília, medida que tem sofrido resistência dos comandos regionais, por conta da burocracia. Assim, segundo os servidores, a frota permanece parada na capital federal.
A estimativa é de que a PRF gaste mais R$ 1 milhão com a remoção de todos os seus tripulantes do local de origem para Brasília.
Concentrar os aviões em um só lugar também pode elevar em até seis vezes o custo com aluguel de hangares, segundo o ofício.
De acordo com o agente, a mudança também deve prejudicar operações de combate ao crime, a incêndios, salvamentos em locais de difícil acesso e até transporte de autoridades.
Nota
Em nota enviada à Folha, a assessoria da PRF confirmou que não houve apoio de helicópteros da corporação no acidente na BR-376, mas afirmou que o serviço não foi descontinuado.
A assessoria informou apenas que a antiga Divisão de Operações Aéreas (DOA) passou a ser um Subcomando de Suporte Aerotático (SSA), sem explicar o que essa mudança significa na prática. Também afirmou que está promovendo a formação de novos pilotos.
“Com a formação e a modernização da frota, a PRF ressignifica a atividade. Para tanto, investiu-se em sete novos helicópteros [...]. A expectativa é que ainda este ano toda a frota esteja em operação para atender demandas em todo o Brasil”, completou.
Procurada pela reportagem, a PRF de Mato Grosso do Sul informou que todos os questionamentos devem ser direcionados à direção nacional da instituição.