Um adolescente de 17 anos confessou em depoimento à Polícia Civil, na segunda-feira (22), ser o autor da morte de uma criança de 2 anos em São Gabriel, na Região Central do Rio Grande do Sul. O corpo de Cauane Victoria Rodrigues Veloso foi encontrado em um açude no sábado (20).
De acordo com o delegado José Bastos, o jovem sofre de transtornos mentais e é "extremamente suscetível ao choro de criança", fica irritado facilmente com a situação.
"Ele refere que durante a noite apanhou a criança, que estava chorando, levou para os fundos do quintal, colocou-a no chão, pôs uma mão sobre a boca da criança e, com a outra, utilizando uma faca de cozinha, utilizada para cortar carne, feriu-a à altura do pescoço", relata.
Segundo a polícia, o exame de necropsia apontou que a vítima recebeu vários golpes de faca na região do pescoço, que causaram rompimento da traqueia e do esôfago.
Durante o depoimento, conforme o delegado, o jovem se referia à criança como uma boneca, parecendo não reconhecer a vítima como uma pessoa. Também mencionou que já fez uso de drogas, como crack, e que costumava ter alucinações nessas ocasiões.
"Ele salienta que agia por determinação de uma entidade espiritual, refere que ouvia vozes, que determinavam o que ele deveria fazer, como agir", acrescenta José Bastos.
A partir da confissão, a polícia solicitou ao Poder Judiciário a internação provisória do adolescente. Ainda na noite de segunda-feira, o jovem foi encaminhado ao Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Santa Maria. Ele vai responder por ato infracional, equivalente a um homicídio qualificado.
"A internação provisória tem o prazo de 45 dias. Nesse intervalo, deve ocorrer o julgamento", explica o delegado.
O açude em que o corpo de Cauane foi encontrado fica nos fundos da casa em que ela morava com a mãe. A mulher disse que saiu e deixou a filha aos cuidados de dois adolescentes.
Um deles estava com dois irmãos, um de 2 anos e outro de 5. Foi ele que confessou o crime, conforme o delegado. O outro costumava ganhar dinheiro cuidando de crianças e era uma pessoa de confiança da mãe, a quem ela pagava para cuidar da filha.
No primeiro momento em que foram ouvidos pela polícia, os dois jovens relataram que, durante a madrugada, perceberam que a criança não estava em casa e começaram a procurar. No começo da manhã, disseram que encontraram a menina já sem vida perto do açude.
O suspeito foi novamente interrogado durante a tarde de segunda, quando foi confrontado com as provas reunidas pela polícia e acabou assumindo o crime.