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07/02/2019 08:21

Agência Brasileira de Inteligência investiga ameaças a Luiz Henrique Mandetta

Serviço de inteligência chegou a realizar uma varredura em hospital durante visita do ministro da Saúde

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, estaria recebendo ameaças. A informação, embora tenha sido negada oficialmente, foi confirmada por médicos do Hospital de Bonsucesso, que chegou a passar, na terça-feira, por uma varredura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para garantir a segurança de Mandetta em visita prevista para esta quarta-feira mas que acabou não acontecendo.

Amigo do ministro, que colaborou com as propostas de políticas públicas da pasta, o oftalmologista Júlio Leão disse que a Polícia Federal investiga o caso:

— A Polícia Federal está trabalhando nesse processo. As milícias estavam comandando os hospitais federais. Ele (Mandetta) tira de letra essas ameaças.

Mandetta teria sido ameaçado por meio de ligações telefônicas, horas antes de interferir na gestão do Hospital Federal de Bonsucesso, segundo relatos de médicos da unidade. Após denúncias de pacientes e médicos, Luana Camargo, que era diretora do hospital, teve a exoneração publicada no dia 24 do mês passado, no Diário Oficial da União.

Na última terça-feira, homens da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estiveram no Hospital de Bonsucesso e, por mais de três horas, conversaram com a equipe ligada à nova direção. O objetivo era levantar o máximo de detalhes para preparar a visita de Mandetta.

— Os agentes da Abin queriam saber se poderia acontecer algum protesto, estudaram a planta do hospital, traçaram rotas de fuga, dos locais críticos, pediram fotos e informações sobre a antiga diretoria. Além disso, não quiseram informar a hora da visita, nem a placa do carro que traria o ministro — relatou um funcionário, que pediu para não ser identificado.

A assessoria do Ministério da Saúde negou haver ameaças contra Mandetta e disse que os cuidados com a segurança são de praxe quando há eventos com membros do gabinete da Presidência. Na noite do dia 11 de janeiro, no entanto, horas após a festa de aniversário de 71 anos do Hospital de Bonsucesso ter acabado em protesto de pacientes e funcionários, Mandetta esteve no local acompanhado apenas de dois parlamentares.

Indicação política para o hospital

A ex-diretora Luana Camargo foi indicada para o cargo pelo deputado federal Wilson Beserra (MDB), que tem como reduto eleitoral o município de Seropédica, na Baixada Fluminense. Foi nessa cidade em que Luana teve sua única experiência em gestão pública, na farmácia de um posto de saúde, antes de assumir o hospital. Beserra e ela aparecem juntos em vários posts nas redes sociais.

A nova direção já confirmou que pelo menos 70 vagas de funcionários terceirizados na prestadora Nova Rio foram preenchidas por pessoas indicadas por Luana, em sua maioria, moradores de Seropédica, que continuam a trabalhar no hospital.

Procurado, o deputado Wilson Beserra disse que não tinha conhecimento das ameaças. Mas, segundo ele, a própria Luana havia feito denúncias à Polícia Federal, ao Ministério Público e à corregedoria do Ministério da Saúde “sobre diversos crimes que estavam sendo praticados dentro do HFB”. Nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, Mandetta promete um “choque de gestão” nos seis hospitais federais do Rio que, segundo ele, estariam sob o controle de milícias.

Nesta quarta-feira, o ministro da Saúde, o secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, e o ex-deputado federal Simão Sessim (PP), representante do Governo do Estado do Rio em Brasília, se reuniram no Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde, no Centro do Rio. No encontro, que também contou com a presença dos diretores dos hospitais federais na capital, foram apresentados os primeiros diagnósticos e propostas de ação para melhorar o atendimento e a gestão das unidades.

A gestão dos hospitais contará com o apoio de militares ainda este mês e de profissionais de hospitais de excelência do país, como Sírio-Libanês (SP), Albert Einstein (SP), Alemão Oswaldo Cruz (SP), Hospital do Coração (SP) e Moinhos de Vento (RS).

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