Traumático, assim Simone descreve o parto de sua segunda filha, realizado no Hospital Regional Rosa Pedrossian (HRMS), há 18 anos. Ela, que terá o sobrenome preservado, foi mais uma das vítimas de violência obstétrica ouvidas pelo TopMídiaNews.
Ela conta que teve que ouvir comentários do tipo: “vou costurar direitinho pro seu marido não reclamar”, “essa é apressadinha”, “mulher parideira”, entre outros, sempre em tom de deboche, mesmo após ter sua filha sem assistência nenhuma.
“No dia 3 de novembro de 2001, cheguei ao Hospital Regional e fui atendia por um médico, não me lembro do nome completo dele, só que ele me disse que eu não estava com dor o suficiente, começou a ironizar como se ele fosse capaz de entender a dor que uma mulher sente no parto. Na hora de fazer o toque, viu que eu estava com 3 dedos de dilatação, aí ele disse que eu tinha que ficar internada e eles me mandaram para sala de pré-parto”, comenta.
“Na sala tinha outra gestante que faria cesárea, esse médico e uma doutora chamada M. C. foram pra sala de cirurgia e eu fiquei sozinha nessa sala, sem nenhuma assistência. As dores foram aumentando, e eu já estava sentindo que o bebê ia nascer. Apertei a campainha, veio a enfermeira, que falou que não estava na hora e me olhou com desdém. Continuei sozinha, com medo, entreguei nas mãos de Deus”.
Ela relata ainda que, por sorte, uma pediatra passou pelo local na hora que o bebê estava saindo, correu e acionou uma equipe, que fez o parto.
“Eu fiquei com muito medo da minha filha cair, a enfermeira cortou o cordão umbilical de qualquer jeito, e jogou um lençol em cima de mim. Depois me levaram para o centro cirúrgico para tirar a placenta, aí a humilhação foi maior, vários comentários ofensivos. Foi muito constrangedor”, relata.
Outros relatos
Diversos relatos chegaram ao conhecimento do TopMídiaNews em menos de dois meses da primeira matéria sobre o assunto. Em nota, a assessoria de imprensa do hospital informa que a administração era de outra equipe. "Nós não temos conhecimento sobre este caso", destaca. A realidade é que 25% das mulheres já sofreram com este tipo de violência.
A Organização Mundial da Saúde fez uma lista de violência no parto para que sejam identificados e combatidos nos hospitais e maternidades do mundo. São eles: abuso físico, abuso sexual, preconceito, discriminação, não cumprimento dos padrões profissionais de cuidado, mau relacionamento entre as gestantes e os profissionais, condições ruins do sistema de saúde.
Uma boa alternativa para evitar que isso ocorra é a presença de acompanhantes, assegurada pela Lei 11.108, que existe desde 2005.