Deve entrar em operação, até o primeiro semestre deste ano, a fiscalização aérea feita por drones pelo Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPMTRAN), em Campo Grande. Os policiais se preparam para multar aqueles motoristas que não respeitam as normas de trânsito. Na mira, entram aqueles apressadinhos acostumados a furar o sinal vermelho, falar ao celular ou que não usam o cinco de segurança.
O tenente Everton Myller Franco, comandante do setor de policiamento de fiscalização com drones do BPMTRAN, destaca que serão avalias, especialmente, "as principais infrações de trânsitos que os motoristas comentem: uso de celular, falta do uso do cinco de segurança, fila dupla em escolas, conversões irregulares".
Tenente Everton Muller Franco. Foto: André de Abreu.
Assim que estiver tudo certo, a fiscalização será feita no horário de grande movimento, como no início da manhã e fim da tarde. "Quando o pessoal está indo para o serviço é quando os motoristas costumam a não respeitar muito o sinal vermelho. Estaremos presente nestes casos, principalmente nos principais cruzamentos".
É justamente neste ponto que os condutores precisarão ficar mais atentos. "99% das fiscalizações ocorrem sem ciência dos condutores. Quem ultrapassar o sinal vermelho, quem parar em fila dupla será captada a imagem daquele momento. E assim será feito uma notificação e, posteriormente, a notificação será enviada até a residência do infrator".
Pelas leis de trânsito, quem ultrapassa o sinal vermelho, por exemplo, leva sete pontos na carteira.
Autorização para funcionamento
Segundo o comandante, muitas pessoas falam que a Polícia Militar de Trânsito não tem competência para isso. "Mas tem sim e tem até legislação no Conselho Nacional de Trânsito que prevê isso". Quanto à legislação, o tenente Everton afirma que 'está tudo pronto'.
"Nós já temos o parecer do Cetran (Conselho Estadual de Trânsito) autorizando a gente a poder notificar. Porém, a gente só está dependendo da sinalização de vias. Nós fizemos um documento e encaminhamos para a Agetran solicitando as sinalizações das áreas", comenta.
Policial durante testes com o drone. Foto: BPTran.
Em novembro do ano passado, foram solicitadas à Agetran as sinalizações para seis cruzamentos da Capital e para mais sete locais onde há escolas públicas e particulares. "Assim que instalarem a primeira placa, nós já estaremos habilitados para agir nestes pontos. Creio que até o final do mês que vem estará tudo pronto", comenta o comandante.
"Usaremos esta ferramenta em pontos críticos como, por exemplo, na Avenida Afonso com Ernesto Geisel ou Via Parque, depois do Shopping Campo Grande. O pessoal costuma a fazer o retorno onde não pode ser feito", diz. Os drones poderão ser utilizados nestes casos.
Não há prazo específico para o município implementar as placas, "mas já estamos em harmonia com a prefeitura".
O diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, informou que a solicitação feita pela Polícia Militar está em trâmite para a autorização e instalação de placas. "Mas não temos um prazo, temos que ter a autorização e já pedimos informação ao Cetran para que não haja qualquer ilegalidade. Qualquer dispositivo só pode entrar em operação se estiver tudo certo com a regulamentação".
Drones
Hoje o Batalhão de Polícia Militar de Trânsito conta com apenas um drone avaliado em R$ 14.999,00. "Ele conta com uma câmera com imagem 4k. Pelo tablet dá zoom e consigo ver a placa e notificar a pessoa. Todos os nossos voos serão apenas informados à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Para voos até 30 metros de altura não precisamos de autorização, mas temos que informar o plano de voo. O raio que o drone pode percorrer é de até 100 metros. Ou seja, se nós estivermos em um cruzamento, com o drone, podemos ir até o outro. Mas nada impede que eu abra pelo notebook um outro plano de voo", explica o tenente.
Drone que será utilizado para fiscalização. Foto: André de Abreu.
E continua: "nós estamos em face de licitação de outros três drones pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) e também estamos em fase de documentação de outros dois DJI Matriz, acoplados com uma câmera maior e mais potente, com 30 vezes o zoom digital. Esse custa R$ 80 mil cada um. Ele voa a 100 metros de altura e, para isto, precisamos pedir autorização para a ANAC. Com o que temos, o motorista acaba nem ouvindo o drone, apesar de voar a 30 metros de altura. Pra gente ter uma boa resolução, ele tem que voar entre 10 e 15 metros de altura e a pessoa acaba escutando e vendo o drone".
No entanto, a utilização do drone tem que obedecer regras. "A gente tem que seguir as regras impostas pela ANAC, como ter um observador enquanto o piloto está executando as manobras. Tem que ter um outro observador avisando sobre pássaros e sobre aeronaves naquele local".
E em terra, "vamos ter uma equipe de notificadores para ir fazendo as notificações. Estamos recebendo uma Van e devemos utilizá-la caracterizada para poder ser uma base móvel naquele local e ali mesmo fazer fiscalização e efetivar as notificações".
O comandante destaca que o Governo do Estado, por meio do Batalhão de Polícia Militar de Trânsito, está investindo em inovação para competir com a bandidagem. "Nós vemos a criminalidade aperfeiçoando, usando drones para levar celular, drogas para presídio. Nas próprias rodovias, os criminosos utilizam drones e, a cinco ou a sete quilômetros, conseguem saber se tem fiscalização", justifica.