Com o mundo em choque por causa das milhares de mortes por covid-19, na Itália e Estados Unidos, em março deste ano, o isolamento severo teve de ser aplicado em Campo Grande. O chamado lockdown, no entanto, não foi compreendido por setores da economia e militantes políticos, que promoveram até carreata.
Todo tipo de comércio considerado ‘’não essencial’’ foi obrigado a fechar as portas, na segunda semana de março. De dia e à noite, a Rua 14 de Julho pareceu uma cidade fantasma. Aulas, casas noturnas e até os ônibus... Tudo foi proibido.
A negação dos efeitos da doença por parte do presidente Jair Bolsonaro influenciou apoiadores na Cidade Morena. Muitos viram a medida como ditatorial, numa suposta tentativa de ‘’domínio chinês’’ do Brasil e até um golpe contra o presidente da República.
Mas não foi só isso. De forma legítima, empresários criticaram as medidas, apontando o rombo econômico do setor varejista, além de ineficácia da quarentena.
Em 27 de março, uma carreata percorreu grande parte da avenida Afonso Pena e chegou a ser barrada pelo poder municipal. Empresários pediam a reabertura das lojas, alegando até falência. Na ocasião, a ajuda financeira do governo ainda era um embrião.
Em 31 de março, houve mais uma manifestação na cidade. Nesse mesmo dia, o Tribunal de Justiça deu razão à prefeitura e proibiu protestos contra o lockdown.
Os dias foram se passando e o debate permaneceu quente. Nas redes sociais de internautas campo-grandenses só se falava em quarentena. Sempre com gente defendendo e criticando.
Em meados de abril, houve uma flexibilização da quarentena. Mas as restrições continuaram, até outubro. Durante todo esse tempo, a possível adoção de medidas mais restritivas assombrou clientes e empresários.
O lockdown serviu como arma de campanha nas eleições municipais e o retorno dele, ainda que sem confirmação, foi propagando, gerando incertezas e as mais variadas fake news.
Desde o final de novembro, a doença voltou a crescer em todo o estado e o temido lockdown ainda é cogitado. E criticado.