O ano de 2016 definitivamente não foi bom para o contribuinte que mora no Bairro Nova Lima, em Campo Grande. Em fevereiro e outubro, os moradores viram o asfalto das ruas principais literalmente ‘ir por água abaixo’, diante das fortes chuvas em Campo Grande.
O pavimento do bairro foi considerado ‘fino’ e com problemas de drenagem, pelo atual prefeito, Alcides Bernal (PP), que diante dos problemas se apressou em atribuir à gestões anteriores as causas dos transtornos atuais.
Os problemas relacionados ao asfalto do Nova Lima, foram tema da reportagem de capa da Semana Top, jornal semanário do Topmidianews, do dia 27 de novembro.
(Máquinas da Prefeitura recolhiam o que sobrou do asfalto após enxurrada - Foto: André de Abreu)
Fevereiro
Era um final de tarde tranquilo no bairro de 35 mil habitantes, e 52 de existência, sendo um dos mais antigos da cidade. São Pedro não perdoou e, somente na região do Alphaville, choveu 79,25 milímetros no acumulado do dia, índice considerado elevado para a Defesa Civil. Não demorou muito e a enxurrada se formou, e a força da água levou o asfalto da Rua Jerônimo de Albuquerque em camadas grandes. Ao longo da chuva, as placas de pavimentação, algumas delas medindo 2 metros de diâmetro foram se deslocando, desfigurando totalmente a rua.
Mas antes mesmo do asfalto ceder, foi preciso que o morador ficasse abrigado em casa ou nas partes mais altas do bairro, já que a correnteza era forte e poderia levar uma caminhonete tranquilamente, o que dirá uma pessoa desprevenida. Segundo os moradores, tamanha destruição do pavimento não era imaginada por ninguém.
Atônitos, pouco a pouco os moradores foram saindo de casa e constatando o problema, mas sem poder fazer muito. O trânsito no local ficou completamente prejudicado, transformando em desafio o simples fato de transitar pela rua.
A comerciante Jaqueline da Silva, 23 anos, disse à época estar complicado pelo fato de pagar impostos e ter asfalto mal feito.
"A chuva foi forte e estragou o asfalto. Está difícil de estacionar o carro na garagem. E constrangedor pagamos impostos e não temos o retorno com asfalto de qualidade. Tudo muito caro".
Por incrível que possa parecer, o asfalto de parte da Jerônimo de Albuquerque foi retirado do local e hoje está somente no cascalho, o que gera poeira e incomoda os moradores. O fato foi constatado na última visita do Topmidianews ao bairro, na última semana de novembro.
Resposta
Em março, cerca de 30 dias depois do ocorrido, a Prefeitura de Campo Grande alegou demora na licitação para justificar a continuidade do problema na via. Em junho a licitação foi aberta e a empresa Equipe Engenharia foi a vencedora. Para a região estão previstos obras de saneamento e qualificação das ruas no valor de R$ 20 milhões, que fazem parte do PAC II, que usa dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Mas até agora nada.
Cratera descomunal
Há um ditado que diz que tudo que é ruim pode piorar. No Nova Lima, especialmente na Jerônimo de Albuquerque a coisa se deu ao pé da letra. Na tarde de domingo, 23 de outubro, o sistema de drenagem mal feito não suportou a força da chuva, e a água rompeu a tubulação de água pluvial, fazendo surgir um buraco descomunal, de cinco metros de comprimento, por 3,5 de largura e 1,2 metros de profundidade. Foi preciso que o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil interditassem o local, tamanho o risco de novos acidentes.
Laurilene Mudo, 47 anos, mora em frente ao cruzamento e disse à época que já faz bastante tempo que o asfalto é precário na região. “Basta olhar e perceber que a rua é cheia de buracos. No começo do ano, fizemos protestos com pneus, aí o [prefeito Alcides] Bernal veio aqui e eles jogaram piche, asfalto mesmo não tem. Em fevereiro teve uma chuva forte que estragou tudo. Não dá nem para entrar direito com o carro na garagem”, desabafa.
Um dos moradores da região usou da ironia para denunciar o descaso do poder público em relação ao bairro. Diante do ocorrido, ele simulou uma pescaria, para dar uma ideia exata do tamanho e profundidade do buraco no meio da rua.
Outro fator que gera revolta no morador, é que a falta desse serviço básico e que já foi pago não impede que o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) continue a ser cobrado, e além disso, reajustado anualmente.
"Meu IPTU foi para R$ 460,00, por causa do shopping e da rua asfaltada, mas não tem asfalto", reclama Barbosa. Além disso, a pavimentação no trecho, foi pago em separado ao imposto, em 24 prestações de R$ 28,00, na gestão Nelson Trad Filho.
Para muitos moradores, a dúvida da chegada de uma pavimentação de qualidade, a altura do tributo pago à prefeitura é constante. Juscilene dos Santos, 30, comerciante, está há 14 anos no Nova Lima e é vítima da poeira causada pela ausência de pavimentação na rua, no final da Rua Marquês de Herval. ''Vamos esperar o novo prefeito, diz que o dinheiro está liberado'', refletiu. Ela diz não saber mais se acredita ou não na chegada do asfalto, pois tudo fica na base da promessa.
A empresa de saneamento foi acionada e realizou conserto do encanamento, após 36 horas do ocorrido. O buraco foi tapado, mas restou desnível na via, que foi preenchido pelos moradores com galhos de árvores. A requalificação dessa via está dentro do projeto citado anteriormente, mas que ainda não tem previsão para começar.