Existem pessoas que sonham com a chegada de crianças na família, torcem para ver os irmãos terem filhos o mais rápido possível para serem chamados de titio (a) e ainda tem aquele irmão (a) mais velho que sonha com a chegada dos pequenos para alegrar ainda mais o lar. Mas, a criançada anda inovando e a palavrinha que tradicionalmente chamamos os irmãos dos nossos pais e aquela irmã mais velha, anda sendo substituída por apelidos pra lá de carinhosos.
A dentista Karine Bitencourt, 31 anos, sempre sonhou com a chegada de um sobrinho e a notícia de que Matheus Bitencourt de Oliveira estava a caminho foi motivo de festa para a família Biterncourt Brandão e a jovem se transformou na Titáta. “Eu sempre quis ter um sobrinho porque sempre gostei muito de criança e achava que um sobrinho meu, eu poderia abraçar e beijar livre. Quando minha irmã disse que estava grávida, todo mundo ficou muito feliz, fizeram uma festa".
"Veio o Matheus, quando ele começou a falar, ele era bastante grudado em mim e eu também nele. Quando começou a falar, ele me chamou de Titáta. Toda a família achava lindo, nem tentamos mudar nada. Todo mundo começou a me chamar de Titáta também, aí vinha alguém e falava que ele não conseguia falar tia, mas para todas outras pessoas ele falava tia e daí ficou o Titáta. Nunca tentamos mudar, achamos lindo ele fazendo isso, foi ideia dele. Hoje ele está com 6 anos e o apelido continua”, conta.
A segunda sobrinha, Gabrielle Bitencourt de Oliveira, hoje com 3 anos de idade, seguiu o ritmo do irmão e quando é questionada sobre o nome da tia, responde Titáta. “Quando veio a Gabi, eu também fiquei muito feliz, uma outra sobrinha. Quando ela começou a falar, ela escutava o irmão me chamando de Titáta e começou a me chamar assim também, foi algo natural. Era como se fosse meu nome. É engraçado que, às vezes, para brincar comigo ela me chama de Karine, daí falo para ela que não sou a Karine".
"Uma vez alguém perguntou quem era eu, a Gabi respondeu é a Titáta, e em seguida a pessoa perguntou 'mas qual o nome dela?', aí eu disse para ela falar o nome que a Titáta não gosta que você chama. Ela respondeu o nome dela é Karine. Enfim, os dois sabem o nome, mas gostam de chamar de Titáta porque Matheus inventou, apareceu com isso e ela acabou pegando dele por naturalidade, nunca tentamos mudar isso porque achamos lindo”.
Nos momentos difíceis da vida, Karine sempre encontra carinho no colo dos tesouros de sua vida e agora repensa duas vezes quando o assunto é deixar de morar em Campo Grande. “Quando estou triste eu sempre penso em abraçar eles, beijar eles, que terei carinho, atenção. Eu sempre quis ir embora, morar em outros lugares e agora eu penso duas vezes nisso porque eu não queria perder contato com eles, não queria não acompanhar o crescimento deles, eu queria estar sempre perto. Acho que eles mudaram meu pensamento em relação a isso, agora penso duas vezes se realmente quero embora, morar em outro lugar para não ficar longe deles”.
O lavador de veículos Weverton Marcos de Freitas Antunes, 24 anos, conhecido entre amigos e familiares como ‘Markinhos’ virou o Tio Nino com a chegada do pequeno Enzo. “Esse moleque lindo que chegou na vida de todos da família só para divertir e alegrar todos os dias. Ele é muito fera, muito sapeca. Fiquei sabendo que ele me chamava de tio Nino quando um tio dele, por parte de mãe, me mandou um vídeo perguntando quem ele amava mais, daí ele fala tio Nino. Naquele momento, ficamos sem entender porque ele nunca tinha falado isso, aí ficou no ar quem seria o tio Nino. A tia dele me ligou e ele me chamou de tio Nino, isso foi com uns 3 anos e até hoje, agora quase completando 5 anos de idade, ele me chama assim”.
Quando Enzo tenta arriscar um tio, Markinhos corrige o sobrinho e tenta manter o apelido carinhoso que ganhou. “Tem vezes que ele me chama de tio, aí eu, tio babão, corrijo ele, falo não é tio e sim tio Nino. Ele é muito fera, ainda mais quando ele vira o incrível ‘Tila nossaulo rex’ (risadas), ele fica muito forte. Até fiz um lema para mim direto para ele: tio Nino ama, tio Nino cuida. Ele é meu amorzão”.
Já na família da cabeleireira Claice Silva, 30 anos, três apelidos surgiram e se perpetuaram. A pequena Rafaella Ione Santana da Silva, 4 anos, deu apelido para Claice, para o marido Reginaldo Santana e até para o priminho, Rafael Rapassi Santana. “Um pouco depois de um ano, Eu não lembro a ordem dos apelidos, mas se não me engano foi Nuni o primeiro apelido que ela deu para meu filho Rafael. Depois veio Toddy, que é o meu. Antes ela já colocava muitos apelidos na mãe dela, na minha mãe que é a avó dela, ela chamava de Vovoinh.. Ela dava outros nomes. Nos comunicávamos muito pela porta porque moramos no mesmo quintal, foi quando em um dos nossos encontros surgiu Toddy. Quando ouvi, achei que não seria eu, levamos na brincadeira, demos risada, mas até hoje ela chama assim. Ela não me chama de tia, é Toddy, Toddynha, não me chama de tia de jeito nenhum”.
Em seguida, veio o apelido do esposo de Claice. “Depois veio o apelido do meu marido, que é o Dudi dela. Ela não fala Tio Naldo, ela fala só Dudi. Minha mãe ela chama de avó, meu pai de avô também, o apelido ficou mesmo só com a gente”.
Claice se emociona ao falar da primeira sobrinha e esbanja orgulho e amor. “Eu sinto um amor muito grande por ela, é minha primeira sobrinha de sangue, até então eu tinha alguns por parte do meu esposo, mas de sangue mesmo, de ver desde que nasceu é ela. Eu tenho como minha filha, um amor muito grande por essa pequenininha. Foi uma emoção muito grande quando fui ver ela na maternidade, quando veio para casa, eu estava grávida não podia pegar ela muito no colo, mas quando ela nasceu eu ia todo dia ver ela”.
Irmã mais velha que virou Tatá
Os apelidos não são apenas para titios e titias não, no caso da jornalista Diana Christie, 26 anos, a disputa dentro de casa era pela primeira palavra do irmão Felipe Lima e, sem perder tempo, ela logo buscou um apelido mais fácil do que seu nome para vencer a batalha na residência e se tornou a Tatá.
“Quando o Felipe estava ensaiando para falar as primeiras palavras, eu tinha uma concorrência muito pesada: bem mais fácil falar mamãe ou papai do que Diana. Sim, eu queria que ele falasse meu nome primeiro [rs]. Então minha amiga me contou que na região Sul, era costume chamar irmão de 'tata'. Aproveitei a deixa e comecei a ensiná-lo a me chamar assim. Porém, nunca sai perfeito, né? Ao invés de me chamar de 'tata', ele aprendeu a falar 'tatá', com a sílaba tônica no final mesmo. E assim ficou. Não lembro o que o Felipe falou primeiro, acho que foi mamãe mesmo, mas o apelido pegou”.
O apelido já dura 11 anos, foi seguido pela irmã mais nova de Diana, Giovanna Lima, 5 anos, e se espalhou pela vizinhança. “Depois alguns amigos dele e vizinhos começaram a me chamar pelo mesmo apelido porque sempre o ouviam dizendo. E quando veio a Giovanna, não tinha dúvidas, era 'Tatá”, relembra.