A pandemia de Covid-19 impactou negativamente vários segmentos, principalmente a economia de modo geral, tanto no cenário nacional, quanto mundial. Entretanto, Mato Grosso do Sul, registrou bons índices em diversos setores produtivos em 2020, mantendo saldo positivo da balança comercial, como aponta estudo elaborado pela equipe técnica do Observatório Econômico do Sindifiscal/MS (Sindicato dos Fiscais Tributários Estaduais de Mato Grosso do Sul).
Conforme a análise, mesmo com a pandemia, no último ano, o Estado registrou aumento de 11% na exportação em relação a 2019, fechando o ano com receita de US$ 5,8 bilhões a partir da exportação de bens sul-mato-grossenses. Em importação, o estado faturou US$ 1,9 bilhão, com superávit comercial de US$ 3,9 bilhões, que representou crescimento de 38% em relação a 2019.
Já referente a 2021, até o mês de outubro, o aumento na exportação representou apenas 1% em relação a 2020, enquanto a importação teve aumento de 7,8%. Ainda assim, o saldo da balança comercial do Estado foi US$ 3,81 bilhões.
Força no Agro
O agronegócio, um dos principais pilares econômicos do MS, figura como importante agente deste resultado. Até 2020, a exportação de soja estava em segundo lugar dentre os produtos exportados por Mato Grosso do Sul, atrás apenas do material de pastas químicas, que rendeu US$ 1,66 bilhão.
“Nos últimos anos, a produção agro sul-mato-grossense vem crescendo rapidamente, refletindo nas exportações e não foi diferente durante o período da pandemia. Em 2019 foi comercializado internacionalmente US$ 1,15 bilhão em soja. Esse valor elevou-se a US$ 1,6 bilhão, crescendo 41% em 2020, chegando a faturar US$ 2,1 bilhões em 2021. Portanto, mesmo durante momentos mais críticos ocasionados pelos impactos da Covid-19, o setor cresceu 83% impulsionando a exportação do Estado, representando, hoje, 36% do que é faturado pelo MS”, detalha o diretor presidente do Sindifiscal/MS, Francisco Carlos de Assis.
O bom desempenho das exportações pode estar relacionado à desvalorização do real em relação ao dólar, pois torna o produto brasileiro mais barato no mercado internacional. Entretanto, investimentos e ações internas colocaram Mato Grosso do Sul em posição de destaque.
“As exportações do Estado foram impulsionadas também por estímulos competitivos, estratégias de exportações favoráveis, tais como como a hidrovia em Porto Murtinho, além de maior disponibilidade de crédito, como por exemplo o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste, o FCO. Portanto, a crescente exportação do MS nos últimos anos justifica os expressivos valores do saldo da balança comercial do Estado”, avalia Assis.
Outro destaque apontado pelo estudo é o saldo da Balança Comercial brasileira, que cresceu 66% no período de pandemia, com superávit atual de US$ 58,5 bilhões.
“A China e os Estados Unidos apresentam forte relação comercial com nosso País, sendo ambos os principais destinos das exportações do Brasil, correspondendo, respectivamente, 33% e 11% de participação do total comercializado para outras nações. A China é o nosso principal comprador de minério de ferro e soja. Enquanto o terceiro mais relevante, a Argentina possui 4% de participação”, revela o diretor.
Em 2021, os produtos que mais se destacam na exportação são os minérios de ferro (US$ 39,7 bi); soja (US$ 35,9 bi); óleos brutos de petróleo (US$ 25,3 bi); açúcares (US$ 7,4 bi); e carnes bovinas (US$ 6,1 bi).
O minério de ferro é o bem com maior participação no saldo de exportação brasileira, representando 17% do total arrecadado até outubro. No entanto, até 2020, o minério de ferro era o segundo bem mais exportado pelo Brasil, atrás da soja, que dominava o mercado exportador nacional, chegando a render US$ 28,5 bilhões, enquanto o minério de ferro correspondia a US$ 25,7 bilhões.
Atualmente, mesmo com o crescimento na exportação de soja do País nos últimos anos, o bem que domina o mercado internacional brasileiro é o minério de ferro, apresentando crescimento de 39% até outubro de 2021, em relação ao total de 2020.
“No geral, o aumento na exportação, pode ser explicado pelo câmbio, pois o Real está desvalorizado em relação ao Dólar e, com isso, os números atuais de exportação se mostram mais promissores que em governos anteriores”, finaliza Assis.