O Setembro Amarelo, campanha criada para ações de prevenção ao suicídio em todo o país, traz números alarmantes sobre a doença. Em Mato Grosso do Sul, de cada 100 mortes, 13 são por suicídio. Conforme especialistas, a adolescência é uma fase que merece atenção da sociedade, já que o indivíduo está em transição e tem dificuldades de lidar com frustrações.
O tema foi discutido na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul bem como estratégias que podem ser feitas para reduzir os números alarmantes. Ainda de acordo com os dados apresentados, no Brasil, essa já é a quarta maior causa de morte entre homens jovens.
Tentativas
Em 2017, o Corpo de Bombeiros de Campo Grande atendeu 925 tentativas de suicídio. Pelo menos metade desse total era de crianças e jovens entre 10 e 19 anos. Um dado ainda mais preocupante é que, a cada caso registrado, cinco são subnotificados.
A deputada estadual Mara Caseiro (PSDB) defendeu que sejam realizadas ações nas escolas para evitar que o pior aconteça.
“O melhor nesse caso é a prevenção, para que as crianças aprendam a viver com as frustrações. Temos que estudar uma forma de realizar ações não só em setembro, mas durante todo o ano, fortalecendo psicologicamente nossos jovens”, enfatizou.
Acolhimento
A parlamentar destacou ainda o papel de familiares, amigos e profissionais de saúde, que é saber identificar os gritos de socorro e ajudar.
"É ouvir mais quem está ao redor, ter compreensão e orientar quem precisa de tratamento. Quem pensa em suicídio está com uma dor psíquica insuportável. Essa pessoa passa a ver a morte como única saída. Ela precisa de carinho, atenção e uma palavra amiga. Não de críticas", disse.
Ao TopMídiaNews, o psiquiatra Kléber Meneghel Vargas destacou que o acolhimento de pessoas que sofrem é uma das principais ferramentas para combater a ideia do suicídio.
Vargas diz que é possível sim reduzir o número de mortes por suicídio, e o tratamento médico entra como a principal ferramenta, já que "quase 100% dos casos de morte ou tentativas estão ligados a doenças como depressão, transtorno bipolar e uso de drogas’’.
Os sintomas mais comuns entre os potenciais suicidas, diz Kléber, é o isolamento e a exaltação de coisas negativas. É preciso observar atentamente as atitudes de quem está ao seu redor.
"Quando alguém falar que não está aguentando mais viver, postar mensagens na internet mostrando descontentamento com a vida e dizendo coisas como se pegasse uma doença grave seria melhor, pode ser sinal de que a pessoa está em um quadro de depressão’’, explica.
O médico ressalta a importância da observação do potencial suicida. Embora haja casos de suicídios cometidos por atos impulsivos e intempestivos, grande parte é fruto de um processo que começou e amadureceu ao longo do tempo.