Um balanço divulgado pela Polícia Civil revela que 2024 encerra com 35 feminicídios consumados no estado, um aumento em relação aos 30 casos registrados em 2023.
Segundo a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Mato Grosso do Sul mantém uma taxa preocupante de feminicídios. Em 2022, o estado registrou 44 mortes, com uma taxa de 3,1 vítimas a cada 100 mil habitantes. Em 2023, o índice caiu para 2,1 vítimas por 100 mil habitantes, mas os números de 2024 apontam a persistência da violência de gênero.
Entre os casos deste ano, a DEAM destaca que conseguiu resolver 99% dos crimes, com apenas um autor permanecendo foragido: Ronaldo Assad.
A brutalidade dos crimes chamou a atenção em diversos casos, como o de Luciane Braga Morales, de 50 anos, primeira vítima do ano. Ela foi assassinada no dia 3 de janeiro, em Sidrolândia, pelo marido Anilson Ramão Dias Maciel, de 45 anos, que a enforcou. Luciane chegou a ser socorrida, mas morreu momentos depois. Anilson foi preso em flagrante.
Um caso mais recente foi o de Vanderli Gonçalves dos Santos, de 48 anos, morta a tiros na cabeça em 27 de novembro, na Aldeia Jaguapiru, em Dourados. Já em setembro, a morte de Mariana Agostinho Defensor, de 32 anos, chocou pela crueldade.
Ela foi assassinada com 58 facadas, sendo 17 no rosto. O suspeito, Jailton Pereira dos Santos, de 33 anos, confessou o crime e foi preso.
Já na noite de 22 de março, dois feminicídios ocorreram na capital. Renata Andrade de Campos Widal, de 39 anos, foi morta pelo próprio irmão no Jardim Centenário, com requintes de crueldade. Ele utilizou pedras e um serrote para matá-la, quase a degolando.
Na mesma noite, Dayane Xavier da Silva, de 29 anos, foi assassinada pelo marido, Tiago Echeverria Ribeiro, após uma discussão iniciada na volta de uma festa. Segundo a investigação, Tiago golpeou a esposa com uma faca depois de ser repreendido por um comportamento inadequado.
Antes de fechar o ano, Bruna foi espancada e assassinada na noite de sexta-feira, 27 de dezembro, no Los Angeles. O companheiro tentou enganar a polícia com versão de crise epilética, mas Bruna tinha ferimentos de arma branca.
Na mesma noite, Mariza Pires, 66 anos, foi assassinada pelo filho com golpes de pá, no Parque Residencial União, em Campo Grande. Na ocasião, o autor também tentou inventar um AVC para os policiais e bombeiros, mas a vítima tinha ferimentos na cabeça, no rosto e ferimentos de defesa na mão.
Apesar do trabalho das autoridades e das ações de combate à violência contra a mulher, os números demonstram que ainda há muito a ser feito para proteger as mulheres no estado. Em outubro, uma nova lei, com punições mais duras, entrou em vigor, na tentativa de reforçar a intolerância do Estado em relação ao delito.
Com a nova lei, aprovado pelo Congresso e sancionada pelo presidente, a pena de feminicídio ganhou um artigo a parte no Código Civil, não sendo mais um agravante do homicídio doloso. Com isso, a pena, que antes era de 12 a 30 anos de reclusão, passou de 30 a 40 anos de cadeia.