Foi mais de quatro meses com pingos e garoas que pouco serviram para findar a estiagem que castigou rios, cidades e habitat dos animais com a seca em Mato Grosso do Sul.
Embora o intenso calor ainda esteja presente em alguns momentos, a estação da primavera pretende e pode mudar esse cenário até o fim do ano, por exemplo. Com outubro, novembro e parte de dezembro a serem concluídos antes da chegada do verão, a expectativa é boa.
Como forma de ilustrar a possível mudança de aspecto não só em Campo Grande, mas como no Pantanal sul-mato-grossense, o prognóstico do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) para o último trimestre do ano é de chuvas que possam alcançar os 700 milímetros.
Pantanal, inclusive, alvo constante de incêndios florestais que ameaçam o bioma e a flora, além dos animais que vivem há muitos anos na região.
"Esta previsão, também, se deve ao início da La Niña, sendo um fenômeno oceânico atmosférico de resfriamento das águas do Pacífico, e por consequência, gera mudanças nos padrões de precipitação", relatou na ocasião.
Na segunda semana de outubro, temporais atingiram diversas cidades do estado e isso é uma amostra de como as chuvas podem recuperar o que a estiagem provocou e deixou nos quatro meses recentes.
Níveis de lagos e rios
Em Campo Grande, por exemplo, a tradicional Lagoa da Cruz localizada na avenida Tamandaré próximo a UCDB, literalmente desapareceu com o forte calor, as baixas umidades e a falta de chuva.
Um comparativo de imagens foi feito por um morador da cidade que mostra que em fevereiro, a lagoa estava cheia, mas no final do mês de setembro, a água desapareceu, assim como os animais e as capivaras que viviam naquela região.
O nível do Rio Paraguai virou uma preocupação extrema para o Imasul (Instituto de Meio Ambiente). Embora as chuvas estejam previstas para os próximos meses, o nível do rio ainda não deve se recompor como necessário, devido ao nível baixíssimo que atingiu.
“Estamos vivenciando uma crise hídrica e o Governo do Estado tem se preocupado em monitorar os rios, como é feito diariamente na sala de situação do Imasul”, garantiu o secretário Jaime Verruck, titular da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).
Lagoa Itatiaia também sofreu com a estiagem
(Foto: Silas Lima)
100 dias sem chuva
Campo Grande foi brutalmente castigada com a estiagem e o tempo seco. Anotando altas temperaturas ao longo dos meses, a cidade ficou exatos 106 dias sem chuva entre junho e setembro, piores meses da série histórica.
Em junho foram registrados 52 milímetros de chuva no mês inteiro, mas isso em poucos dias, pois o mês ficou 24 dias sem chuva. O mês mais castigador foi julho quando houve registro de apenas 1,80 milímetros de chuva em Campo Grande e isso apenas em três dias, pois ficamos 28 sem ver a água do céu cair.
Agosto melhorou parcialmente, mas foram 29 dias sem chuva e índices apontados pelo Cemtec com 34,20 milímetros de chuva no mês todo.
O último mês, setembro, registrou 27 milímetros e 25 dias sem chuva. Porém, o cenário no mês de outubro passou a ser outro e nos primeiros dias já houve mudança climática com clima mais instável e constante presença da chuva.