Os motoristas de aplicativos de Campo Grande e de outras cidades do Estado preparam, para o dia 17 de março, um protesto contra o aumento da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o aumento do combustível e a forma com que as plataformas dos aplicativos trata a classe.
O principal entrave com as plataformas é a forma de trabalho, que na visão de alguns sindicalistas, nunca teve o resultado esperado. Diante disso, eles pretendem chamar a atenção para 'melhorar' essa relação.
Duas das principais plataformas que operam na cidade são as que recebem maiores reclamações por essa falta de sensibilidade com a classe. Segundo o presidente da Applic-MS (Associação de Parceiros de Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motoristas Autônomos de Mato Grosso do Sul), Paulo Pinheiro, a situação começa a ficar desesperadora para os motoristas.
Paulo conta que algumas empresas trabalham com sistema de rodízio, outras aderem ao sistema de porcentagem de ganhos e isso dificulta a vida dos trabalhadores. "Eles jamais olharam para a nossa categoria. Está diminuindo o número de motoristas porque não está tendo condição de rodar".
A fala do sindicalista também vai de encontro com o aumento da alíquota do ICMS, que na visão de muitos, é considerada uma das mais altas do país. Por isso, acredita que um protesto seria a melhor forma de chamar a atenção das autoridades e que isso ajudaria para uma conversa.
"A gente acha um absurdo, é uma das mais altas do país. Fica totalmente inviável trabalharmos. Estamos sentindo na pele e o desemprego com certeza vai aumentar", dispara o presidente da Applic.
Os motoristas, além dos buzinaços pelas ruas, vão para os postos abastecer R$ 0,50 e exigir a nota fiscal. "É uma maneira de mostrar a indignação que a classe está passando". Paulo deixa claro que caso os postos não aceitem entregar a nota fiscal, levará a fiscalização do Procon-MS para acompanhar o abastecimento.
Paulo Pinheiro ainda acredita que o Governo do Estado chame a classe para debater sobre as questões da alíquota e do combustível nos postos. Caso não exista essa conversa, o sindicalista aponta para um cenário negativo para passageiros e motoristas, como a falta de corridas e aumento no tempo de espera.
O que dizem as empresas
Procurada pela reportagem, a 99 POP declarou que "está aberta ao diálogo e prioriza a melhoria contínua dos ganhos dos motoristas parceiros. Nesse sentido, a empresa viabiliza parcerias e condições especiais nos preços dos combustíveis, manutenção de carros e aluguel com agências para reduzir os gastos dos parceiros. Um exemplo disso é o desconto de 5% em postos Shell".
"Estamos acompanhando de perto o movimento de alta dos combustíveis e abertos ao diálogo com motoristas e governo para construir uma solução que seja benéfica para todos. Entendemos que nossa contribuição deve ser reduzindo o custo que os parceiros e parceiras têm e trazendo mais eficiência para suas rotinas", finaliza.
A Uber ainda não se pronunciou.