Após presenciar a forma delicada que Agnaldo Ferreira Pinto, 36 anos, conhecido como Bahia, vive, moradores do bairro Celina Jallad, em Campo Grande, decidiram denunciar. Segundo eles, o rapaz vive em situação de total abandono desde 2015.
Eles alegam que a família do rapaz não cuida dele e o abandonou nas ruas por ele apresentar comportamento agressivo.
Uma moradora, que terá a identidade preservada, contou à equipe do TopMídiaNews que ele chora como uma criança no frio e na chuva.
“Ele nunca foi agressivo. Desconheço essa forma que a irmã dele pinta ele, que fala que ele quebra tudo dentro da casa”, diz.
Além disso, em julho do ano passado, uma das moradoras usou as redes sociais para denunciar o descaso.
Ela publicou um desabafo nas redes sociais dizendo estar com dó do rapaz, que mais uma vez dormia na calçada no frio.
“Não é possível que ninguém saiba quem é a família dele, a família tem por obrigação cuidar dele, pois é um deficiente intelectual, está de novo na Leão Zardo, sem agasalho, sem cobertor”.
No mesmo período a família procurou o TopMídiaNews para pedir ajuda para encontrar o Bahia, que estava desaparecido. Na época, a irmã dele, muito abalada, disse que ele ficava muito agressivo e não era a primeira vez que ele sumia.
Entretanto, a denunciante afirma que, na época, a família só procurou a imprensa porque a prova de vida do Bahia estava vencida.
“Precisava ser renovada, como ela (irmã) não sabia onde ele estava, procurou a mídia para ajudar a encontrá-lo”.
Uma servidora pública estadual, de 31 anos, chegou a cuidar do Bahia por cerca de 6 anos, quando ele e a família moravam na região da Vila Nasser. Ela diz que ele dormia, tomava banho e era alimentado em sua casa.
“O que ele contava para a gente é que a mãe bebia muito. Ele vivia lá em casa e a gente cuidava dele por amor. Ele sempre foi da nossa família, depois ele sumiu”.
Sobre os cuidados que são dados para ele hoje em dia, ela diz que não pode acusar a irmã. “Não acho justo falar da irmã dele, que nunca vi. Isso é muito grave, acusar uma pessoa de algo. Desde quando conheci, ele vive nas ruas”, relata.
LADO DA FAMÍLIA
Entramos em contato com a irmã do Bahia. Ela nos contou que, antes, ele morava com a mãe de criação, uma idosa de 72 anos, que hoje também mora com ela.
A diarista, de 51 anos, relata que há quatro anos levou o irmão para morar com ela, mas antes desse período eles não tinham contato, e ele sempre viveu nas ruas.
“Ele sempre viveu nas ruas, desde pequeno, a gente tenta segurar, ele é medicado, mas não para em casa. Levo ele para casa e no outro dia está de volta nas ruas, tem dias que não dá para buscar”, explica ela, que diz que quando os filhos não estão em casa para buscá-lo, precisa ir com motorista de aplicativo.
Sobre as acusações de que estaria usando o dinheiro que o irmão recebe, ela rebate as acusações dizendo que não precisa do valor, já que trabalha de segunda a sexta-feira.
“Ele (Bahia) estuda, tem van para levar na escola, faz tratamento no Caps, ele é bem cuidado, se alimenta muito bem, tento cuidar dele o melhor possível, mas é complicado”.
A irmã contou que já está vendo junto à Promotoria da pessoa idosa e com deficiência, para conseguir um lugar em que ele possa ficar internado. “Também não quero ver ele na rua, ele é meu irmão”, afirma.