Os trabalhadores da construção civil, em Campo Grande arrastam a greve do setor pelo quinto dia consecutivo, indo aos canteiros de obras pedindo aos colegas para reivindicarem junto ao setor o aumento de 30% nos salários. Até hoje (28), cerca de 15 mil trabalhadores estão parados, somando 50% dos funcionários de mais de 400 obras espalhadas pela cidade.
Nesta manhã, manifestantes foram até a obra do Aquário do Pantanal, nos Altos da Avenida Afonso Pena, impedir a entrada dos trabalhadores, causando tumulto. Uma equipe da tropa de choque da Polícia Militar, foi acionada para conter a euforia. No entanto, os policiais alegam que estão no local apenas para manter a ordem, que não haverá problemas maiores.
Negociações
Na quinta-feira (24) foi realizada uma reunião entre o Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias da Construção e do Mobiliário (Sintracom), com representantes do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), mas nada ficou firmado.
A proposta de 6,78% oferecida pela classe patronal foi rejeitada e a paralisação continua. Nesta segunda-feira (28), outra reunião com a presença do desembargador Nery Sá Azambuja vai acontecer com a finalidade de encerrar o caos que esta se transformando o setor.
Durante a paralisação, muita confusão vem acontecendo, já que alguns trabalhadores das empreiteiras vieram de fora do Estado, possuindo o salário acima da base oferecida por aqui e permanecem trabalhando. " Estamos rodando toda a cidade, há mais de 20 obras completamente paradas. No entanto, estamos vindo para conscientizar e fazer todos aderirem ao movimento", contou em meio ao manifesto durante a manhã de hoje, o diretor do Sintracom, Marcos Cesar Ribeiro Gonçalves, dizendo que não há necessidade da força policial porque o movimento seria pacífico.
A paralisação está sendo crescente. "Os trabalhadores daqui recebem cerca R$1.000,00, portanto, estamos reivindicando o piso salarial igual ao de São Paulo, R$ 1.290,00, sem mencionar o reajuste anual que teremos em breve, Mas, para quem já recebe acima do piso de São Paulo, queremos reajuste de 15%", explicou o presidente do Sintracom, José Abelha. Outros benefícios como vale alimentação e cesta básica, também estão sendo reivindicado.
Retrospectiva
No ano passado, eles ficaram paralisados durante oito dias, a inflação era de 6.7%, conseguiram negociar para 12.36%. Em relação aos dias que ficarem sem trabalhar durante a greve, eles acreditam que farão acordo como aconteceu em 2013, quando eles receberam por quatro dias e ficaram quatro sem pagamento.
A greve ainda não foi sentida pelas demais entidades trabalhistas espalhadas pelo Estado. Atualmente, são 120 mil trabalhadores na construção civil em MS. Segundo o advogado do Sintracom, Hugo Rodrigues, ontem foi feita uma reunião com o consórcio que presta serviço à Petrobras, em Três Lagoas. "Eles estão segurando até onde podem os trabalhadores, mas até o momento, não foi feito nenhum tipo de acordo com os trabalhadores e o prazo para dissídio acaba dia 01", disse.
Em Campo Grande, 80% dos trabalhadores são terceirizados e o salário da Capital é o mais baixo do país. Por outro lado, o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção em Campo Grande ) afirma que está aberto às negociações, mas até o momento, nada foi acordado.