Há um ano dona Arcelia Perdomo Fonseca descobriu um câncer de intestino. Com muitas dores, peregrinou até saber que, aos 68 anos, teria que enfrentar uma nova etapa de luta na vida. Foi submetida a uma cirurgia e com isso começou outro calvário além da doença. Devido a retirada do tumor, foi preciso o uso de bolsa de colostomia, que seria para os próximos seis meses. Porém, ainda não conseguiu a cirurgia.
E como se não bastasse, acabando o segundo ciclo de quimioterapia, foi informada da falta de medicamentos no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.
“Faltam só duas sessões para terminar e, se suspender, ela tem que reiniciar e esse é o grande problema, vai ter que começar o sofrimento tudo de novo. E quando minha mãe chegou lá, não adiantou, não quiseram dar um papel declarando que não tinha o medicamento e pediram até dez dias para entregar o prontuário porque, se for preciso, vamos fazer algo, ir na Defensoria”, conta a filha dela, Silvia Perdomo.
Problemas vão além de falta de medicamentos
Outro problema é a falta de um grampo para que seja feita uma nova cirurgia para a retirada da bolsa de colostomia. “Estou indo na Ouvidoria desde agosto, me falam que não há um grampo para fazer cirurgia de reversão de colostomia e não conseguem, ficam me jogando de um lado para o outro”, reclama.
Segundo ela, os profissionais também fazem reclamações. “Não tem material, os próprios profissionais reclamam que os materiais estão de baixa qualidade. Falei que precisava de um papel falando que não tem o material, não me deram, não auxiliam, não apontam alguma forma de solução para nós. Até marquei particular com o médico, para ver se conseguiria pagar as duas sessões faltantes, dividido em várias vezes”, afirmou.
Além disso, segundo a paciente, apesar dos esforços dos médicos e da equipe de enfermagem, o local cada dia fica mais precário para atendimento. “Deixam os pacientes sem nenhum tipo de conforto, fazendo a quimioterapia, que é um procedimento muito desgastante para quem está tratando e para a família, tem dias que há 50 pessoas na sala da quimioterapia e não tem ar-condicionado funcionando na sala”, reclama.
Governo diz que medicamento está sendo "preparado"
Em contato com a assessoria de imprensa do Governo do Estado, a informação é que o medicamento seria reposto na segunda-feira, no máximo. “Medicamento é o Floracil, que já está no HRMS, está sendo preparado para iniciar as sessões. Prazo é amanhã, no máximo é segunda - feira (27)”. No entanto, segundo a família, na verdade, os medicamentos seriam SS 0,9% 5FU e Leucovorin, e a paciente foi informada que não teria previsão.