Quando o assunto é erros médicos, o CRM (Conselho Regional de Medicina) é um reduto fechado. Dando continuidade na série sobre o tema, a reportagem do TopMídiaNews entrevistou o médico Celso Rafael Gonçalves Codorniz, presidente da entidade, sobre o tema. Via assessoria de imprensa, Codorniz não falou sobre especialidades. Sobre denúncias, avisou que até mesmo as que chegam pela imprensa são analisadas, mas tudo de maneira sigilosa.
“São aproximadamente 200 processos no total, envolvendo faltas ética/disciplinares, abrangendo negligência, imperícia, imprudência entre outras áreas. Os registros não são feitos por especialidades ou outro tipo de filtro e sim de forma geral”, explica a nota assinada pelos médicos. Porém, os dados não são disponíveis para o público nem depois do julgamento.
De acordo com presidente da entidade, primeiro é instaurada sindicância e, se houver indícios de falta ética, é aberto processo, que pode levar até dois anos para o julgamento. Assim como na Justiça, o médico pode apelar para “instâncias superiores”.
"Há ainda a possibilidade de apelar da sentença ao Conselho Federal de Medicina. São inúmeras que podem variar desde uma advertência confidencial à cassação do registro”, aponta sobre as punições.
Transparência?
Apesar de não haver uma campanha para denunciar erros dos profissionais, o conselho diz que é simples realizar o ato. “Basta ser feito um relato dos fatos com a identificação e assinatura do denunciante e protocolado na entidade. Só não são aceitas denúncias anônimas”, aponta sem explicar como o cidadão deve proceder para tal denúncia.
“O Conselho utiliza suas ferramentas de comunicação para divulgar todas informações pertinentes às atribuições da entidade. Porém, caso haja dúvida por parte da população em relação a alguma denúncia é possível entrar em contato conosco para todos os esclarecimentos desejados”. No entanto, nem no site da entidade há disponibilidade de um canal para a população se informar sobre denúncias de erros médicos. A sede é no Parque dos Poderes.
Erro de equipe recai sobre o médico
Uma grande reclamação é pelo "corporativismo" que existiria na classe médica e isso justificaria, inclusive, a baixa quantidade de denúncias; ou porque muitas vezes uma denúncia sai na imprensa e não é formalizada no CRM.
Para o presidente ainda assim o Conselho, é o que “mais pune” na área de saúde. “O Conselho de Medicina comparado a outras áreas da saúde é o que mais julga e pune quando há faltas éticas, sendo bem rígido em suas decisões. Pois, nosso trabalho é em defesa da medicina de qualidade para população”, defende.
Codorniz garante ainda, que o CRM apura sim as denúncias, inclusive as que saem na imprensa. “A entidade apura todas as denúncias que chegam até ela, seja pela imprensa ou feitas no próprio Conselho”.
O médico também defende que há um trabalho em equipe e que muitas vezes isso acaba desgastando a imagem do médico. Há erros da equipe e que acabam sendo colocados como "erro médico" sendo por exemplo, de um técnico de enfermagem, ou instrumentador (alguém da equipe).
“Muitas vezes este termo é atribuído ao médico por ele ser o chefe da equipe. No entanto, mesmo quando a imprudência é cometida por outro profissional da saúde a expressão “erro médico”, permanece, dando a impressão que a falha foi médica e não de outro profissional. Isso tem contribuído significativamente para o desgaste da imagem do médico.
Serviço
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul fica na Rua Desembargador Leão Neto do Carmo, 305, no Parque dos Poderes. Para contato telefônico o número é (67) 3320-7700 e por email crmms@crmms.org.br.
Segundo o site o horário de atendimento das 7h30 às 11h30 e das 13h às 17h.