A imagem rodou o mundo no dia 25 de janeiro deste ano. Com um helicóptero se equilibrando a poucos centímetros do chão, dois bombeiros tentavam retirar uma mulher, praticamente soterrada, da lama, com a ajuda de outros dois voluntários. Quatro meses depois, Talita Oliveira se reencontrou com os militares que a salvaram.
O encontro aconteceu em um quarto de hospital, onde Talita está internada até hoje. Ela conta que estava com a irmã e a sobrinha na casa onde moravam, próximo à Pousada Nova Estância, que foi levada pela lama de rejeitos.
— Foi uma onda que prensou a gente. É como se eu estivesse em um liquidificador. Eu estava com os olhos fechados, mas lembro de estar tudo rodando e batendo, mas não sabia o que era. Eu segurei em um tronco de uma árvore. Do meu lado, eu vi uns cabos de energia partidos e perto da área da pousada, uma correnteza muito forte. Eu estava cansada e só pedia que Deus não me mandasse para nenhum desses dois lugares.
Desde aquele dia, Talita continua internada no hospital. Ela já passou por quatro cirurgias e ainda não consegue andar. E em dois anos, vai precisar operar de novo para colocar uma prótese no quadril. Seus companheiros tem sido sua irmã, Alessandra e o marido dela José Antônio, que perderam a filha, Laís, na tragédia.
"Eu lembro quando eu cheguei em casa, conversei com a Talita e a Laís, fui para a cozinha e escutei um barulho imenso. Até hoje não consigo esquecer esse barulho. A lama veio por cima do teto da casa, me jogou no chão e eu lembro que ela me comprimia, apertava. De repente veio uma onda e eu consegui ver a luz do sol", conta Alessandra.
Salvamento
O salvamento dramático envolveu também dois voluntários e o helicóptero pilotado pela major Karla Lessa, em uma manobra complexa a centímetros de chão.
O subtenente Gualberto de Faria foi o responsável por desembarcar da aeronave e retirar Talita da lama. Ela se lembra muito bem dessa hora.
— Foi um momento de muita angústia. Estávamos correndo contra o tempo, a aeronave estava muito instável e a situação era muito insegura para todo mundo. A gente tinha uma grande dificuldade também por causa do peso do barro, da lama.