Vítimas que têm dinheiro a receber de um empresário, que compra e vende drones em Campo Grande, criaram um grupo no WhatsApp para trocar informações. Eles alegam que o suspeito não cumpre as promessas de quitar as dívidas e o medo agora é que ele fuja da cidade.
São ao menos 22 pessoas que participam do grupo, criado no dia 15 de setembro. Todos relatam prejuízos, alguns na faixa de R$ 5 mil. A identidade do suspeito será preservada, mas aqui ele terá o nome fictício de ''Rolando''.
Um dos participantes criou uma planilha para elencar o quanto cada um tem a receber, assim como a porcentagem já paga pelo suspeito. Em uma das últimas atualizações, o empresário devia cerca de R$ 58 mil. No entanto, nem todas as vítimas preencheram a planilha.
Vale destacar o fato que, segundo os lesados, as negociações foram feitas por meio de contrato, que previa a ocorrência de juros. No entanto, eles contabilizam somente a dívida original, já que não têm esperanças de receber os acréscimos.
Um fato destacado nas conversas das vítimas é que muitos deles usavam os drones para trabalhar, seja com fotos ou filmagens. Um deles disse que perdeu uma oportunidade boa de emprego por falta do equipamento.
‘’O nome disso é estelionato, ele sabe muito bem disso e deve estar rindo à toa dessa nossa espera em receber o que nos deve. E os trabalhos cancelados de cada um de nós aqui, ele também vai arcar com isso? Estou sem drone tem 5 meses’’, disse uma vítima no grupo.
Mais vítimas
Na primeira reportagem, o TopMídiaNews conversou com duas vítimas, que juntos, tiveram prejuízo de R$ 19.200.
Um terceiro homem, Fábio Oliveira, vendeu um drone seminovo Mavic Pró 1 – Combo Fly More, para o empresário, que vale R$ 5 mil.
‘’Em 2020 ele me deu um recibo da negociação comigo. Tinha data limite e juros, mas nunca mais. Ele fica só nas conversinhas que vai entrar um dinheiro e sempre ganhando tempo’’, lamenta Oliveira.
No começo deste ano, um homem que não quis se identificar tentou comprar um drone. Pagou R$ 4.447 (seis parcelas no crédito), mas não recebeu o aparelho. Esta vítima, no entanto, acredita que o empresário esteja em dificuldade financeira.
‘’Comprei outro drone e ele entregou. Um tablet, ele demorou, mas entregou... ‘’, relatou.
Um quinto denunciante diz que o suspeito alugou um drone dele, por uma semana, em 2020. Ele não repôs o drone. O empresário chegou até a fazer um contrato de confissão de dívida de R$ 5 mil, mas só pagou R$ 1.500 até agora, sendo a última parcela paga em outubro do ano passado.
Tensão
O vendedor dos drones conseguiu acessar o grupo e pediu calma aos participantes. Ele propôs um plano de negociação, que consiste em pagar R$ 2.300 por semana. Ele aproveitou e pediu que os ex-clientes o indicassem para dar aulas de inglês ou de qualquer matéria, além de fazer sites.
Em um primeiro momento, alguns participantes se mostraram confiantes na proposta do suspeito. Porém, alguns mais exaltados passaram a xingá-lo de golpista e destacaram que não confiam mais nele.
‘’A gente vai atrás de você... nós vamos à polícia... não adianta fugir nem vender casa. Você vai ter que nos pagar, se não você vai apodrecer na prisão’’, disse uma vítima revoltada.
A primeira vítima já registrou queixa na Polícia Civil. Fora os clientes do grupo, há outros que entraram na Justiça e no Juizado Especial de Campo Grande.
Na primeira reportagem, o suspeito admitiu as dívidas e justificou que ‘’deu um passo maior que a perna’’ ao abrir a empresa. Por várias vezes ele garantiu que vai pagar as dívidas, assim que puder.