Chorando, a mãe da menina Gabrielly Ximenes, Beatriz Ximenes, 39 anos, conta que encarou o pior Dia das Mães, sentindo um vazio sem a filha do meio. Gabrielly morreu em dezembro do ano passado após apanhar na saída da escola Lino Villachá, no bairro Nova Lima, em Campo Grande.
Beatriz afirma que, diferente dos últimos anos, não recebeu homenagem da pequena e ressalta que Gabi tinha o costume de escrevê-la cartinhas com declarações. “Cada dia que passa dói mais, a falta, a saudade, o carinho, escutar a voz dela. Foi o pior Dia das Mães da minha vida, não tive minha filha comigo, não fui na apresentação da escola dela, ia todo ano, não recebi a cartinha de dia das mães escrito por ela dizendo 'feliz Dia das Mães, eu te amo', não tive isso esse ano, é complicado”.
Ela destaca ainda que a mãe das suspeitas de agredirem Gabrielly comemoraram o Dia das Mães ao lado das filhas e foram homenageadas. “A gente fica pensando 'por quê, meu Deus, por quê aconteceu isso?', ninguém dá resposta, as meninas que agrediram ela estão normal, como se nada tivesse acontecido, ninguém dá resposta de nada. As mães delas foram na apresentação da escola, receberam cartinhas, flores, e eu não tive nada disso”.
De camiseta rosa, Gabrielly ao lado das irmãs e da mãe. (Foto: arquivo pessoal)
A mãe de Gabrielly conta que encontra as suspeitas na rua. “Elas andam como se nada tivesse acontecido. Cada dia que passa fica mais difícil, mais complicado, eu sinto muita falta da minha filha. Eu olho o quartinho dela, a noite eu levanto para ver se minhas filhas estão com frio, no calor para ver se ventilador está ligado e está faltando ela na cama dela”.
Laudo
Em fevereiro deste ano, a delegada da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), Ariene Murad, confirmou que a menina Gabrielly Ximenes de Souza, 10 anos, morreu no dia 6 de dezembro de 2018 em decorrência das agressões que sofreu no dia 29 de novembro.
“O laudo conclui que a causa da morte foi tromboembolismo pulmonar provocado por artrite séptica. Temos um laudo do Instituto de Medicina e Odontologia Legal, um laudo de necropsia que o perito fez exame anátomo patológico, onde cinco órgãos foram analisados. Ficou pronto após dois meses e meio da morte da criança porque requer muitos detalhes. A criança só morreu porque houve trauma”, diz a delegada.
O TopMídiaNews entrou em contato novamente com a delegada, que informou que o caso foi encaminhado para o juiz da infância. A equipe entrou em contato com a advogada da família de Gabrielly, que ficou de encaminhar informações sobre o andamento do caso, mas até o fechamento desta matéria nenhuma informação foi repassada.
O caso
Gabrielly Xinemes teria sido espancada após o horário de aula por uma criança de 10 anos e outras duas meninas de 13 anos. O caso ocorreu no dia 29 de novembro na saída da escola Lino Vilachá, no bairro Nova Lima em Campo Grande. A família teria acionado o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a criança foi atendida na Santa Casa. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, Gabrielly passou por exames e nenhuma lesão foi constatada.
Em casa, a menina começou a reclamar de dores na virilha. Ela foi levada para uma Unidade de Saúde, em seguida par ao Cem (Centro de Especialidades Médicas). “Colocaram uma tala na perna dela, mas ela sentiu mais dores ainda, na virilha e não na perna. Chegou um momento que minha filha começou a ficar muito febril e não andava mais, daí levamos ela novamente na Santa Casa”, conta o pai.
Ela deu entrada na Santa Casa e passou por exames, que constataram artrite séptica, uma infecção no líquido e tecidos de uma articulação, geralmente causada por bactérias, mas ocasionalmente por vírus ou fungos. Gabrielly passou por cirurgia, teve quatro paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.