Batalhar, construir, ter o sonho conquistado, mas ver tudo sendo levado água abaixo em questão de horas. Essa é a sensação vivida por moradores do Residencial Guaicurus, em Campo Grande, que presenciaram cenas assustadoras com a força da chuva sobre a cidade, entre o final da tarde e o início da noite deste domingo (14).
Pelo menos oito casas foram atingidas com a enxurrada que veio da Avenida Guaicurus e de bairros que ficam acima do residencial. Além dos portões que foram levados, o muro que separa dois blocos foi jogado ao chão com a intensidade da água.
A casa de Valquíria Moura Lemos, de 37 anos, foi uma das mais atingidas. A moradora perdeu praticamente tudo, desde geladeira, máquina de lavar, cama, guarda-roupa, até os documentos pessoais, que sumiram na enxurrada.
A securitária conta que "não sabe mais o que fazer, porque os moradores já sofreram outras vezes". Valquíria paga mais de R$ 1 mil na parcela da casa própria e agora deve procurar uma casa para alugar para abrigá-la com o marido e os dois filhos. Toda a estrutura montada do aconchego da família demorou 6 anos para ser construída, mas apenas duas horas para ser destruída.
Sem saber o amanhã, ela conta que não conseguirá dormir em paz, por não ter segurança na casa. "É triste você saber que você vai dormir sem saber se vai acordar ou como vai acordar, porque é dinheiro nosso e está sendo jogado fora. A gente não tem o que fazer mais", disse bastante emocionada.
O casal Kelvis Jara, de 28 anos, e Vanessa Matos, de 24 anos, que moram há 10 meses no residencial, também tiveram a casa atingida pela chuvarada. À reportagem, eles contaram que a única ação possível foi ter salvo o cachorro e o gato.
Essa é a primeira vez que o casal passa por uma situação de apuros. O cenário desesperador é questionado pela arquiteta: "é totalmente errado, como é que inunda um residencial desse?".
Contando com a ajuda de amigos da igreja e vizinhos, um mutirão foi feito para limpar a casa, mas a perda foi grande, entre objetos e roupas.
O professor Anderson Martins, de 39 anos, mora há três anos no residencial e conviveu com um cenário parecido duas vezes, mas que a perda total de móveis e objetos da casa, isso aconteceu pela primeira vez. Ele terá que reconquistar tudo.
"Começou a chover forte, eu fiquei observando a chuva vindo e ergui algumas coisas", disse e explicou que perdeu ainda o carro que ficou submerso. "É tudo muito rápido, não dá tempo de pensar, foi muito assustador".
Ao TopMídiaNews, o titular da SISEP (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), Rudi Fiorese disse que está acompanhando de perto os estragos da chuva e que deve visitar novamente o residencial ainda nesta segunda-feira (15).