Com 9.644 casos confirmados do novo coronavírus, Campo Grande lidera o ranking da covid-19 em Mato Grosso do Sul e preocupa especialistas. Para o médico infectologista e pesquisador da Fiocruz, Julio Henrique Croda, pessoas vão morrer sem atendimento hospitalar adequado se o município não adotar medidas restritivas urgentes.
“O poder público não tem capacidade de acompanhar essa curva na oferta de leitos. [...] Eu defendo, do ponto de vista técnico, que Campo Grande deva adotar um lockdown porque é necessário reduzir essa velocidade, se não, na minha opinião técnica, já na semana que vem, nós veremos pacientes morrendo por falta de leitos de terapia intensiva. Nós temos que evitar isso”, alegou durante live nas redes sociais, nesta quinta-feira (30).
O infectologista destaca que o minilockdown, adotado pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) nos últimos dois finais de semana, foi ineficaz e medidas implantadas hoje só terão resultado em duas semanas. “Eu me preocupo bastante com o que pode ocorrer, principalmente na Capital”, enfatiza.
Taxa de ocupação de leitos de UTI é de 92% na macrorregião de Campo Grande. Dado foi apresentado pela secretária-adjunta de Saúde, Crhistinne Maymone - Foto: Reprodução/Facebook
Croda teme que a cidade repita os exemplos de Manaus e Belém e aponta que é possível enfrentar essa crise de saúde sem colapsar. Ele cita Salvador e São Paulo como capitais que conseguiram ultrapassar o pico da doença sem deixar as pessoas morrendo em postos de saúde ou em casa.
“A chance de morrer de um paciente grave de covid que precisa de UTI é entorno de 30% a 50%. Um paciente que fica na Unidade de Pronto Atendimento, a chance dele morrer é de 90%”, explica o médico.
A baixa taxa de isolamento volta a ser citada como o principal problema da Cidade Morena, que indicadores de transmissão elevados. “A média móvel de sete dias, que é o indicador de crescimento, é de 20% e a nossa taxa de contágio é a segunda maior entre as capitais de estado. Só estamos perdendo para Porto Alegre”.
Por fim, Croda cobra o monitoramento dos pacientes infectados e os seus contatos, que tem que ser feito pelas secretarias municipais. “A nossa capacidade de abrir novos leitos está chegando no limite”.