Com crise de apendicite e diagnóstico errado, a recepcionista Jaqueline Moreira dos Santos, 26 anos, quase morreu, em Campo Grande. A paciente procurou mais de 5 vezes UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e depois de 10 dias com desmaios e fortes dores operou as pressas.
O marido, que acompanhou toda a saga de idas aos postos ao lado da esposa, Vagner Nelvo, fala sobre o despreparo dos médicos e descrédito e descaso com os sintomas dos pacientes que procuram as unidades de saúde da Capital.
Ao TopMídiaNews, o mestre de obras detalha que a esposa começou a passar mal na quarta-feira de cinzas (5). O marido levou a esposa até a UPA da Moreninha, onde a paciente relatou as dores intensas na região abdominal, mas nenhum exame foi feito.
"Passaram uma medicação simples e liberaram", conta o marido.
Vagner diz que as dores da esposa foram piorando a ponto dela ter episódios de desmaio em casa. Preocupado com o estado de saúde de Jaqueline, o casal buscou atendimento na UPA do Universitário, mas também nenhum exame foi feito e o diagnóstico novamente foi superficial, segundo o marido.
"Disseram que ela estava com virose, fizeram um exame de sangue, mas nada foi detectado", lembra.
Os dias foram passando e, diariamente, Vagner e Jaqueline buscavam novo atendimento na UPA.
"Eu não sabia mais o que fazer com ela, e um descaso e despreparo total, um dos médicos chegou a dizer a ela que era um quadro 'pós-Carnaval', insinuando que ela queria atestado", desabafa.
Ainda de acordo com o marido, em uma de tantas idas ao médico, a recepcionista questionou o doutor que a atendeu e perguntou se não seria um caso de apendicite pela localidade da dor, mas segundo o marido, o médico descartou.
"Se a rede pública não tem capacidade de oferecer ao paciente um ultrassom, que ao menos solicite o exame que a pessoa em meio a necessidade faz por meios próprios", citou o marido.
Com as mesmas medicações colhidas em vários atendimentos, Vagner decidiu levar a esposa para fazer um ultrassom por conta.
"Fizemos o exame particular e na hora mandaram eu correr com ela, pois estava com apêndice rompida e podia ter uma infecção forte e morrer", lembra.
O mestre de obras levou a esposa ao Hospital Regional, mais próximo à casa do casal, onde Jaqueline deu entrada e foi confirmado o rompimento e passou por cirurgia de emergência.
"Minha esposa podia não estar mais aqui, temos uma filha pequena, e negligência no atendimento podia ter tirado a vida dela", aponta.
Por conta da demora no diagnóstico, Jaqueline está internada no hospital e sem previsão de alta. A recepcionista fez lavagem, está tomando antibiótico na veia e foi avisada que pode passar por outro procedimento cirúrgico.
"Graças a Deus ela está viva, mas nosso caso é um exemplo do descaso da saúde pública", conclui.
A reportagem levou o caso a conhecimento da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) e aguarda posicionamento sobre o relato.