Professores são ameaçados e coagidos a saírem da avenida Afonso Pena, onde protestam em frente à Prefeitura Municipal, nesta sexta-feira (25), enquanto grupos antidemocráticos pedem intervenção federal e cometem centenas de irregularidades há mais de 20 dias em Campo Grande, sem olhares atentos da Polícia.
Em denúncia, professores já indicam o tratamento diferenciado pela Polícia em manifestações de grupos reacionários, em relação aos trabalhadores, que só querem que uma lei seja cumprida, e tenham o reajuste salarial de 10,39%.
Na manhã de hoje, cerca de 40 minutos após o início do protesto, a Polícia Militar chegou ao local com sirenes ligadas e ordens para esvaziarem a pista. Isso não ocorreu na frente do CMO (Comando Militar do Oeste), onde grupos da extrema-direita obstruem uma faixa da pista, soltam fogos de artifício com efeito sonoro [proibido por lei] e estacionam carros até nos canteiros.
"Estamos aqui pedindo nosso reajuste. Isso é um manifesto democrático. Não estamos escoltados pela polícia, como acontece lá no CMO. Lá, as pessoas fazem o que querem, estacionam em canteiros, xingam pessoas que passam com seus carros adesivados, hostilizam, e a Polícia não faz nada", diz um dos servidores, que preferiu não se identificar.
Uma professora afirma que a diferenciação de tratamento das autoridades é visível. "Nós mal chegamos até a frente da prefeitura, e a prefeita já mandou guarda, polícia e tudo mais. Estão dizendo pra gente sair daqui. Nós não estamos pedindo golpe. Agora, por que eles não agiram nessa velocidade quando centenas de pessoas obstruíram a Duque de Caxias? Será que é porque são coniventes com atos golpistas?", disse a funcionária.
Volta da ditadura militar
Na frente do CMO, os manifestantes inicialmente pediam intervenção militar, que significa golpe militar. Depois mudaram para intervenção federal, uma palavra diferente para evitar que fique explícito o crime previsto na Constituição Federal.
Eles não aceitam o resultado das eleições, por isso, fazem tumulto no local, onde até mesmo moradores da região já pediram, em ofício enviado à Câmara, que autoridades trabalhem e apliquem a lei. Som alto de trio elétrico, faixa obstruída para passagem de carros, e perturbação são uma das reclamações, que praticamente não surtiram efeito nas autoridades.
A prefeitura soltou nota dizendo que "respeita a liberdade de expressão e livre manifestação", assim como demais órgãos responsáveis pelas forças de segurança.
Essa semana, a Agetran (Agência Municipal de Trânsito) esteve no local e sinalizou o canteiro com cones, a fim de impedir que caminhonetes e caminhões estacionem, porém, sem sucesso, pois muitos tiraram os cones e voltaram a ocupar o local.
O que diz a Sejusp e a PM?
Solicitação de nota retorno foi enviada as assessorias da Polícia Militar e Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).
Através de nota a PMMS respondeu: "A respeito da manifestação dos professores na avenida Afonso Pena, a qual foi feita referência, não há ordem do Comando da PM para que o protesto não ocorra, mas sim, apenas uma orientação a respeito do trânsito no local, para garantir a segurança dos manifestantes".
Se houver retorno da Sejusp, será inserido no texto.