A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), cercou completamente o canteiro da avenida Afonso Pena, localizado em frente ao Paço Municipal, para evitar que professores manifestando pelo reajuste de 10,39% permaneçam no local.
O trecho em frente a prefeitura é o único em toda a avenida que está envolto a estacas e cordas. Os professores, que iniciaram greve dia 2 de dezembro, estavam utilizando o canteiro para protestar, e ao chegarem na manhã desta segunda-feira (5), se depararam com o impedimento.
O canteiro está decorado com alguns itens de Natal, assim como outros lugares da Capital, a diferença é que em outros pontos não há cerca.
(Cercamento do canteiro foi realizado e impede professores de permanecer no local. Foto: Reprodução vídeo TopMídiaNews)
O professor Giovano, presidente eleito da ACP, disse que a prefeita Adriane Lopes não recebeu a categoria para dialogar, desde o início da greve.
"Hoje é mais um dia forçando uma reunião com a prefeita. O Executivo tem que dialogar, cumprir com a sociedade. Não é pelo professor, é pela educação. A Adriane Lopes não pode se furtar. O pior caminho é se acovardar e se esconder."
Ele diz que a prefeita Adriane Lopes não ofereceu saída sobre a greve.
"Ela está fugindo, e isso é uma péssima estratégia. Os professores estão dispostos a conversar. Basta a prefeita sair do salto, e conversar. A categoria não vai se acovardar, não vai se esconder e vamos seguir."
Protesto sem cerca
O tratamento dado aos professores é completamente diferente aos manifestantes da avenida Duque de Caxias, em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste). No local, os canteiros não foram cercados para os protestos contra a eleição que deu resultado favorável, ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Pelo contrário, manifestantes acampam no canteiro, que tem tendas, trio elétrico, cozinha improvisada, churrasqueira e banheiros químicos.
Acordo
Os professores da Rede Municipal iniciaram greve após o Executivo não cumprir o reajuste acordado de 10,39%, e justificar dizendo que o documento assinado pelos professores representados pela ACP há uma condicionante de saúde fiscal, nível de endividamento e responsabilidade fiscal.
O Executivo ofereceu apenas 4,78%, até o momento.
Vídeo:
O que diz a Prefeitura?
Foi solicitado nota retorno para assessoria de comunicação da prefeitura sobre o cercado no trecho onde os professores se manifestam.
Em resposta, a prefeitura diz que "não procede", mas não explicou os motivos de apenas aquele trecho estar cercado com estacas e corda.
Veja na íntegra:
Não procede.
Quanto ao reajuste, a mesma lei que dá o aumento à categoria, impede que ele seja concedido, por descumprimento do limite prudencial de gastos exigido pela LRF, que é de 51,3% com servidores. Quando o aumento foi aprovado, o gasto da prefeitura já estava em 59,6%, portanto acima da lei. A atual gestão reduziu esse percentual e hoje está em 57,1%, após adotar diversas medidas de enxugamento de gastos, que continuam em andamento. Foi apresentada uma proposta alternativa aos professores que implica em melhoria no rendimento sem contrariar a lei. Isso até que se atinja o limite prudencial. Os professores rejeitaram.
Neste ano de 2022, os professores e todos os demais servidores municipais efetivos tiveram o reajuste de 5,03% no mês de abril e em dezembro vão receber mais 4,78% de reajuste no vencimento.
A prefeitura mantém aberto o diálogo com o Sindicato dos Profissionais da Educação (ACP) e, por extensão, com os professores, e à disposição de encontrar o mais rápido possível, em comum acordo, uma saída legal e dentro das possibilidades da administração municipal.
(Atualizada às 11h16 para acréscimo de nota da Prefeitura de Campo Grande)