Os campo-grandenses demonstram total indignação ao falar da ‘guerra cravada’ entre o prefeito Marquinhos Trad (PSD), taxistas e motoristas Uber. A maioria dos entrevistados criticou a postura dos taxistas e do prefeito da Capital, que estariam, conforme a população, colocando empecilhos na prestação do serviço que beneficia diretamente pessoas de renda baixa, já que a Uber cobra valores considerados baixos pelos clientes.
Um curso de habilitação para transporte público de passageiros e atestado de antecedentes criminais foram solicitados pela prefeitura através do decreto municipal 13.157/2017, que regulamenta a prestação do serviço de “caronas pagas” em Campo Grande, mas apenas uma empresa teria enviado a documentação solicitada. Dessa forma, as punições ao serviço serão feitas a partir de agosto, se não fosse liminar que suspendeu o decreto temporariamente.
Porém, mesmo que os profissionais não tenham cumprido a solicitação do Chefe do Executivo, a população continua defendendo a prestação do serviço na Capital e critica Marquinhos. O vendedor Ivan de Souza, 26 anos, afirmou que utiliza o serviço para chegar no trabalho pelo menos duas vezes na semana, trocando o ônibus pela Uber.
“Eu uso Uber pelo menos duas vezes por semana, é muito melhor do que andar de ônibus e o preço é acessível para quem ganha pouco. Essa guerra acontece porque não gera dinheiro para a prefeitura e como os taxistas cobram muito caro pelo serviço, estão revoltados porque a Uber mal chegou e já tem mais procura que os táxis. Eles não estão preocupados com o que é melhor para a população, eles estão preocupados com o que rende dinheiro no bolso deles e pronto”, diz o vendedor.
Para o empresário Gabriel Conceição, 34 anos, a população acaba sendo vítima e arcando com as consequências ao tentar ter uma vida com mais qualidade em Campo Grande. “Não adianta, desde quando a Uber chegou, já sabíamos que ia dar nisso, que iam tentar barrar porque ela traz benefícios para pessoas que têm pouco dinheiro, para aqueles que não tem condições de trocar o ônibus por um táxi. Mas estamos acostumados, entra ano e sai ano, tudo é igual, pagamos para que chefões tenham vida boa”.
Assim como Ivan e Gabriel, Maria do Carma Agnoleto, 39 anos, que reside na Capital há 10 anos, afirma que a população já esperava por isso. “Todo mundo sabia que ia aconteceu isso, não adianta, é e sempre será assim. Se a Uber não pagar impostos altíssimos, não vai funcionar e acabou. Essa é a lei da vida, a vida é exatamente assim, quem tem pouco, não tem nada e não pode usufruir de nada”.