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Campo Grande

28/02/2017 11:59

Mais que lazer, Uber é usado para transportar pacientes e novas regras geram pânico

Para quem usa o aplicativo de caronas para obter serviços médicos, decreto de Marquinhos causa mais medo

O decreto do Prefeito Marquinhos Trad (PSD) em relação à restrição e inúmeras regras para a Uber pode trazer danos não só a pessoas que usam o aplicativo para lazer ou transporte eventual. Há quem use também para tratamento de saúde. E o decreto da Prefeitura, publicado na última sexta-feira (24), deixou os passageiros temerários para o que pode acontecer.

Tratando de um câncer raro, onde passou por várias cirurgias, Elizabeth Reis tem em injeções diárias o alívio para dores musculares. Hoje, as idas a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitária se tornaram mais fáceis devido ao uso do Uber.

“Antes eu ia de ônibus, demorava mais tempo para chegar, era mais sofrimento e aumentava minhas dores”, conta ela, que mora no Jardim Rouxinóis. “É a única coisa que alivia minha dor, ir à UPA tomar injeções, daí, consigo trabalhar e não tenho condições de pagar táxi, porque apesar de tudo, não consegui me aposentar e meu maior medo é ficar sem o Uber e ter que voltar a usar o ônibus”, conta ela que é artesã.

Na mesma situação está Adriana Ramalho. Gestante de gêmeas, ela não pode dirigir e o marido não pode ficar à disposição para as consultas por causa do trabalho. “Para mim facilitou muito, a gravidez exige muitos cuidados, por ser gêmeas, e uso para ir às consultas, exames. Muito mais econômico e me auxilia bastante”, conta ela.                         

“Marquinhos conta com nossa ajuda para se preocupar com a saúde pública por que nos postos nunca tem remédios, mas os motoristas do Uber só querem trabalhar em paz e prestarem seus serviços à comunidade”, defende.

Aos 30 anos, Lidiane Ferreira Martins tem que ir a cada 20 dias ao CEM (Centro de Especialidades Médicas). Ela que mora na saída para Cuiabá, tem que se deslocar mais cedo, já que o médico atende por ordem de chegada. “Eu uso Uber para ir ao médico, como é por ordem de chegada, de ônibus tenho que ir bem mais cedo, com Uber não, vou no horário. Estou amando o serviço, para mim, que tenho um bebê, é bem mais prático”, conta ela que paga no máximo R$ 14 uma corrida, e pagaria o dobro se usasse táxi.

“Tem que pensar que vai encarecer, Marquinhos, deixa o pobre ser feliz”, diz ela num recado ao prefeito. “Defendo o serviço sim, ajudou muito minha vida”.

Francilucea Castello também se preocupa com as novas “regras” do serviço impostas pela Prefeitura.  “Vou tomar uma vacina mensalmente no Hospital Universitário e com mototáxi cada vez é um valor, vai muito do humor do mototaxista. O serviço facilitou muito porque, se eu estou no HU e chamo o Uber, em 15 minutos estou no trabalho. Não preciso depender de ninguém e gasto no máximo R$ 10”, conta.

“Agora de táxi conseguiria tudo isso e apenas um detalhe: teria que desembolsar o triplo de valor”, contabiliza indignada.

Serviços utilizados desde entrega até o lazer dos filhos

Mãe e profissional autônoma Andressa Mendes viu no Uber um modo de maior independência e até de melhorar o trabalho e a qualidade de vida dos filhos. “Olha, eu já cheguei pagar em uma entrega para o taxista me levar e trazer R$ 110,00. E com o Uber faço seis entregas, andei a tarde inteira e paguei R$ 80, andando muito mais, então para mim nem se compara com qualquer outro serviço, chego a economizar 50% ou mais”, explica Andressa, que faz doces e salgados para sustentar a família.

O lazer dos filhos é outro ponto citado por ela. “Uso pra sair com meus filhos. Dá o mesmo valor da passagem de ônibus daqui da UCDB para o Shopping Bosque dos Ipês. Fora o conforto, nem se compara”, diz.

Andressa também pede que Marquinhos reveja seu posicionamento. “Pensa um pouquinho na população, afinal nós o elegemos e para não esquecer aquele cara humilde que ele era lá na Assembleia, que ajudava muita gente, inclusive eu”, aconselha. 

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