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Campo Grande

01/04/2019 14:52

‘Não tem como dizer que foi legítima defesa’, afirma mãe de adolescente morto pela PM

Luiz foi morto a tiros aos 17 anos em um bar de Campo Grande; quase dois anos depois, testemunhas de defesa são ouvidas

Um ano e dez meses após Luiz Júnior de Souza ser morto a tiros em um bar de Campo Grande, a Justiça ouve as testemunhas de defesa do autor dos disparos, o policial militar Gesus Fernandes de Oliveira. Réu, seguranças e dono do estabelecimento estão entre os ouvidos nesta segunda-feira (1º) pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri.

A família do adolescente, então com 17 anos, continua a negar com firmeza a principal tese de defesa do policial, a de que o jovem estava armado e tinha envolvimento com a criminalidade. Oliveira, ainda em atividade na corporação militar, afirma ter agido em legítima defesa.

Mãe de Luiz, a dona de casa Kátia Andreia Rodrigues Bastos, 44 anos, rebate a acusação. “Não tem como alimentar a tese de legítima defesa. O advogado tem que achar um argumento para defender o cliente disso, mas a tese vai cair com certeza, pois não acharam nada com meu filho, nenhuma arma”, diz. 

Ela defende que o autor dos disparos leve a condenação máxima por homicídio qualificado, sem chance de defesa para a vítima. Sequer pena de morte ou prisão perpétua amenizariam seu sofrimento, desabafa.

Enquanto isso, a saudade só aumenta. “A gente se desfez de bastante coisa que era dele, pois quanto mais a gente guarda, mais a gente sofre. Ele também não vai voltar. Já faz dois anos, mas é como se tivesse sido ontem, como se ele tivesse viajado, saído para algum lugar e vai voltar a qualquer momento”, traduz seu sentimento.

A mãe lembra que o adolescente cuidava dela, que tem problemas de saúde, e que ele trabalhava desde os 14 anos de idade. Um rapaz normal, que jogava bola e saía com os amigos, define.

Gesus Fernandes de Oliveira. (Foto: Wesley Ortiz)

O advogado de defesa Enilton Ferreira disse que vai continuar com a mesma tese, pois foi o que o cliente alegou desde o princípio. “Ele está tranquilo, espera que seja feita a Justiça e a ideia é que vá para o Tribunal do Júri, com ele absolvido”, diz.

Victor Fujimoto, advogado de acusação, também espera por justiça, mas em favor da família de Luiz, também através do entendimento do Tribunal do Júri. “Ele [Gesus] não nega que atirou duas vezes. Afirma que durante a instrução processual, encontrou provas de coisas que foram postadas na internet, como fotos do Luiz com armas, mas a informação não procede. Ele não tinha nenhuma passagem pela polícia, era trabalhador, normal”, afirma.

Crime

O crime aconteceu em 2017, no bar chamado Chácara da República, na Rua da Divisão, em Campo Grande. No dia do ocorrido, o policial militar estava à paisana e atuava como segurança no local. Ele alega que Luiz Júnior estava armado e efetuou um disparo contra ele e, por isso, revidou, agindo em legítima defesa.

Uma das testemunhas contestou a versão do policial, dizendo que Luiz não estava com uma arma e correu após uma confusão ter iniciado dentro do bar. A testemunha reforçou que, após o primeiro disparo, o segurança colocou uma touca ninja e efetuou o segundo disparo.

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