Mãe de 39 anos denuncia que o filho, dependente químico de 19 anos, foi agredido por guardas municipais que patrulham a Orla Morena, em Campo Grande. O jovem teria sido abordado duas vezes na sexta-feira (20) e, no segundo encontro, teria sido chutado na perna por um agente.
''Meu filho tem mãe'', desabafa a moradora da região da Vila São Francisco, que trabalha como saladeira. Ela conta que o filho usa droga intensamente. ''Ele está perdido na lata'', lamentou.
O relato do filho à mãe foi de que, na sexta-feira pela manhã, estava na Orla Morena, na região da avenida Calógeras, quando foi abordado pelos guardas. Conforme a vítima, os servidores exigiram que ele não ficasse mais ali.
No entanto, o jovem permaneceu no local e foi encontrado na sexta-feira à tarde pela mesma equipe de guardas. Ele acrescenta que, assim que foi visto pelos GCMs, um deles falou a outro: ''ele não tá te respeitando''. Foi aí que o jovem levou o chute na perna, denuncia a mãe.
O jovem só foi aparecer em casa no sábado à tarde, disse a saladeira. Ele mancava e estava com hematomas na perda devido às agressões. Mãe e filho foram à Upa (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino, onde a vítima foi tratada com antibiótico e analgésico, disse a mulher.
Mãe diz que guardas agrediram o filho viciado. (Foto: Arquivo Geovanni Gomes)
Na segunda-feira, mãe e filho foram à ouvidoria da Guarda Municipal, onde a denúncia foi registrada. A mulher relata que foi bem atendida e aguarda o resultado da apuração. Ela ainda acionou advogado particular para futuro processo judicial.
''Se você conversar com meu filho vai ver que ele não tem boca pra nada [questionar] . Ele é verdadeiro'', analisa a denunciante.
A mãe da vítima diz entender que os guardas ''estão abusados mesmo''. Há um mês, a filha dela também teve problemas com os servidores, visto que era menor de idade e teria assumido possuir droga para livrar o amigo adulto, que poderia receber uma punição maior. A garota teria sido torturada psicologicamente, ainda grávida. Neste caso, ela também registrou ocorrência no órgão municipal.
A mãe da vítima disse que vai até as últimas consequências para ter Justiça. ''Se o meu filho estiver certo vou até o fim. Se estiver errado eu fico quieta'', analisou. Ela acrescenta que pessoas agredidas devem denunciar o caso.
''Se cada moleque que está apanhando na orla e as mães correrem atrás, eles vão parar de abuso'', finalizou.
Outro lado
A Prefeitura de Campo Grande, por meio da assessoria, informou que o caso do jovem foi registrado na Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social, que determinou abertura de processo administrativo para apurar eventual irregularidade.
O comunicado acrescenta que o secretário Valério Azambuja afirmou que não compactua com desvios de conduta dos GCMs ''e quem cometer irregularidades responderá na forma da lei''.