Mãe do João Vitor Rodrigues da Silva, morto aos 20 anos, lamentou abrir reportagens sobre a morte dele, após troca de tiros com o Batalhão de Choque, na segunda-feira (20), em Campo Grande. Ela viu frases como ‘’Parabéns ao Choque’’ e ‘’Bandido bom é bandido morto’’.
Uma das matérias citadas pela mulher é do TopMídiaNews, que divulgou que João Vitor ostentava dinheiro e imagens de matador de policiais nas redes sociais. Porém, o que bateu forte no peito dela foram as falas dos internautas na seção de comentários.
‘’Bandido é bandido. Ainda mais quando entra na casa de uma família e quer ‘pagar de louco’. Quem age assim tem de levar balaço mesmo. Esse mané agora arde no inferno’’, disse um internauta.
Outro emendou: ‘Se eu sinto a morte dele? Não! Dou graças a Deus. Antes a vida desse estrume que a de um inocente’’, escreveu um rapaz.
Apoio
Em todas as postagens da mãe no Facebook, foram mais de 300 comentários. Grande parte dava apoio a ela, no momento mais doloroso para quem pôs um filho no mundo.
‘’Pessoas sujas sem coração. Que Jesus te conforte seu coração. Não se preocupa não, sempre quem aponta o sendo senta no rabo’’, comentou uma amiga.
Outra disse: ‘’Deus sabe o que faz. Ele já perdoou seu filho, que agora está em um lugar melhor e ninguém tem o direito de apontar o dedo para os erros’’.
Desabafo
Nesta quarta-feira (22), a mãe agradeceu as mensagens de carinho, recebidas pela morte do garoto, mas também por conta dos comentários sobre a vida criminosa de João Vitor. Ela rebateu as críticas.
‘’Sobre esses povo que fica aí falando coisas que não tiveram capacidade de falar para o Joao Vitor em vida, não adianta ficar aí tentando me afrontar. Ao invés disso, vão orar e cuidar mais dos seus filhos’’, respondeu a mãe de João Vitor.
A mulher sugeriu também que ‘’muitos que a criticam tem um ‘dedo podre’ na família’’. Ela destacou que não torce para que isso ocorra com ninguém ‘’mas que todos devem vigiar, porque ninguém sabe o dia de amanhã’’.
Morte
João Vitor esteve envolvido no sequestro da esposa de um comerciante de obras de arte, no bairro Itanhangá Park, no dia 19 de setembro. Ele e o comparsa teriam visto a vítima sair de uma padaria com joias e decidiram assaltá-la.
No entanto, diz a investigação, a dupla, que já tinha rendido a mulher e o marido dela, dentro de casa, percebeu a movimentação de um vigia e mudou de planos. Saíram com a vítima da casa e a levaram para um cativeiro, onde exigiram R$ 50 mil pela vida dela.
O esposo da vítima disse que não tinha todo o valor e pagou R$ 18 mil e um relógio de marca valiosa. Os criminosos então pegaram o dinheiro e soltaram a vítima.
Horas depois do crime, o primeiro envolvido, Claudinei dos Santos de Oliveira, 29 anos, conhecido como ‘’Carcaça’’, foi preso e confessou a ação criminosa. A investigação prosseguiu, até João Vitor ser encontrado, na rua Daniela Perez, no residencial Betaville.
O suspeito foi abordado e reagiu atirando contra equipes do Choque e Garras. Ele foi baleado e morreu. João Vítor teria entrado no crime aos 14 anos e tinha diversas passagens pela polícia.