Cliente de um bar no Centro da Capital expôs em rede social, no grupo Aonde não ir em Campo Grande, um episódio de suposta discriminação. A vendedora Ana Fernandes, 26 anos, relata que a proprietária do estabelecimento expulsou um rapaz em situação de rua que foi convidado por ela a se juntar na mesa.
O caso teria ocorrido no dia 18 de agosto, data de aniversário de Ana. “Eu estava com uns amigos comemorando e já tinha visto esse morador de rua passando por lá. Ele pediu dinheiro e eu não tinha, mas mesmo assim ele deixou a arte dele. Quando eu o revi, fui dar um abraço nele e convidei para se sentar à mesa”, conta à reportagem.
Em seguida, a proprietária do bar teria determinado a saída do rapaz do local, aos gritos. A aniversariante teria tentado argumentar que a situação estava sob controle e ele era seu convidado, mas a ordem de retirada se manteve e a cliente decidiu também ir embora.
Frequentadora do local há cinco anos, Ana diz nunca ter sentido preconceito no local antes e que pode ter sido uma maneira desproporcional de tentar proteger os clientes. “Ela falou que ele era usuário de droga e eu disse que ninguém estava fumando no local, então preferi me retirar. Não acho que ela está errada, mas a forma com que ocorreu foi lamentável”, completa.
(Foto: Ricardo A./Foursquare)
Entre os comentários da publicação em rede social sobre o acontecido, há quem condene e quem defenda a dona do bar, que é um dos mais tradicionais da região central. “No caso, [para] a Ana Fernandes e seus amigos, [a proprietária] podia pedir a gentileza de tirá-lo do estabelecimento dela. Ele pode não valer nada , mas a dona do comércio poderia ter um pouco de educação com seus clientes”, diz um deles.
“Eu conheço, trabalhei por dois anos de noite nessa região, ele [o rapaz expulso] só causava tumulto nos estabelecimentos, pedindo esmolas pra comprar drogas, muitas vezes xingava quem não dava esmola pra ele, só por que ele é morador de rua ele é amor de pessoa?”, diz outro.
Cliente do bar, o funcionário público Eric Lima, 27 anos, afirma se sentir acolhido e seguro no local. "Observo a movimentação de moradores de rua e nunca vi nenhum deles sendo destratados, nem por clientes nem pelos donos. Mas já presenciei atitudes destes que intimidam e assustam os frequentadores", diz.
Ainda, comenta sobre o fator da criminalização social de pessoas em situação de rua na região da Orla Ferroviária e questiona quem teria a real ‘culpa’. “O estado também não oferece segurança pros comerciantes, além de não promover condições e alternativas pras pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade nas ruas”, opina.
Resposta
A reportagem tentou entrar em contato com a proprietária do estabelecimento, mas não conseguiu retorno até a publicação desta matéria.