Após estabelecer o adeus ao cigarro como meta de vida, o assessor parlamentar Raitier Collares, 34 anos, comemora 365 dias sem colocar um cigarro na boca. Fumante há 17 anos, ele explica que, no ano passado, começou a mentalizar a possibilidade de parar de fumar e, com a ajuda da ex-esposa, mudou os hábitos e disse adeus ao vício.
O assessor explica que se despediu do cigarro em seu aniversário de 33 anos. “Eu e minha ex-esposa combinamos de fazer uma festa juntos e, depois dessa festa, estabelecemos que pararíamos de fumar. Ela queria fazer tratamento, fomos atrás, ela fez o tratamento, mas eu não fiz, fiquei em casa. Nesse mesmo dia, eu peguei a carteira de cigarro e joguei no lixo. Ficou outra carteira no fundo e a outra joguei fora. Me senti podre de cigarro, coloquei dentro de mim que precisava parar de fumar”.
Raitier relembra que, ao acordar após a festa de aniversário, sentiu que exalava cheiro de cigarro. “Senti que estava fedendo muito, tive muita determinação, preparei meu cérebro para parar. Não adianta parar do dia para noite, tem que se preparar, falar que vai parar, colocar isso como meta. Era complicado, como trabalhava com a noite porque minha ex-esposa é cantora, bebida e cigarro são parceiros na balada. Vida de balada, muita gente fuma e bebe”.
O assessor destaca que substituiu o cigarro por uma bala. “Nas primeiras semanas foi difícil perder o habito. Eu acordava, fazia café, ia fazer pesquisas e já acendia cigarro. Fazia café e automaticamente ia procurar cigarro, comecei a cortar os hábitos. Eu fazia minhas pesquisas na varanda, daí comecei a sentar na sala de casa. O mais difícil foi dentro do carro, entrava no carro, acendia cigarro, ia dirigir, ia tomar café e acendia, depois almoço, janta, fazia todos os rituais de um fumante. Todo fumante pega aquele tempinho livre para fumar. Eu ia muito no fumódromo durante o dia no serviço, comecei a não ir. Depois de almoçar ficava dentro da casa, na janta também, sempre fugia de onde tinha hábitos. Mais dificuldade dentro do carro, substitui o vício, eu sabia que eu queria algo, carregava bala, abria a bala toda vez que dava vontade. Ela me ajudou muito, sempre colocava no paletó uma bala, troquei o vício pelo doce”.
Ao perceber que o açúcar da bala também não fazia bem para o organismo, Raitier começou a mascar chiclete sem açúcar. “O vício é muito forte, quem não fuma não tem noção, é muito difícil, tem que ter certa paciência. Eu descontava em outras coisas, comia mais, o doce que substituía, senti que engordei, mas pela ansiedade de ter que descontar em alguma coisa”.
Paladar mais aguçado
Ao completar um mês sem cigarro, Raitier foi a um restaurante na cidade e notou diferença na hora de saborear a comida. “Meu paladar é muito aguçado, depois que parei de fumar, primeira vez que fui lá no restaurante percebi que potencializou o sabor, foi uma experiência fora do comum. Melhorou muito, comecei a me sentir melhor. Foi uma sensação muito maravilhosa, tudo melhora. O paletó que eu lavava, hoje uso mais tempo, sem cheiro de nada, agora fica só com cheiro do meu perfume, a pele melhora muito. Notei diferença na parte física, mental, tudo melhora. Não me arrependo de forma nenhuma, foi melhor decisão que tomei na vida”.
Início do vício
Aos 16 anos, Raitier começou a dar as primeiras tragadas por achar uma atitude bonita. “Comecei por gracinha de escola, olhava os caras da escola fumando, todo mundo via os fumantes como os descolados do momento, os famosinhos, acho que isso acontecia porque passava nos filmes. A maioria do pessoal era mais rebelde, eram famosinhos, eu observava, queria ser descolado, queria me destacar. No início foi difícil gostar de fumar, começar é horrível, me deu até febre no primeiro dia, febre interna, meu organismo não aceitava, todo mundo falava que acostumava, realmente, eles colocam tanta substância para viciar, que você passa a gostar, depois vira prazer”.
Ele alerta que os pais devem orientar os filhos para não dar o primeiro passo. “O grande problema é começar novo, você não tem acompanhamento, pais tem que ficar bem em cima. Muitos começam cedo sem saber quais são os riscos do cigarro. Cigarro é uma droga que deveria ser cancelada de qualquer lugar do mundo. Moramos na fronteira, tem cigarro fabricado na Bolívia, Paraguai, com custo acessível e não temos a mínima noção do que eles colocam ali dentro”, finaliza.
* Matéria alterada às 15h30 para alteração à pedido do entrevistado