O projeto de transformar o antigo Hotel Campo Grande em moradia popular continua dando o que falar na cidade. Dessa vez, a polêmica envolve o vereador André Salineiro (PSDB) e o diretor-presidente da Emha, Eneas José de Carvalho Netto.
Tudo teve início após o parlamentar divulgar que um apartamento popular custa em média R$ 65,5 mil, enquanto o custo estimado para compra e reforma do Hotel Campo Grande faria com que a prefeitura gastasse R$ 388mil com cada um. Salineiro afirmou que a obra sairia seis vezes mais cara que uma moradia popular comum.
Em conversa com Eneas, foi explicado que o projeto foi realizado por meio de estudos técnicos com uma equipe do órgão. Ele diz que existe um vídeo do parlamentar repudiando o projeto e divulgando valores sem qualquer tipo de conhecimento técnico.
“Na verdade existe um vídeo dele onde faz criticas infundadas e sem qualquer tipo de conhecimento sobre a matéria. Ele foi muito infeliz porque eu acho que, antes de atacar, de “chamar” uma pessoa de corrupta, dizer que uma obra foi superfaturada e de cunho eleitoreiro, ele deveria analisar. Ele não pode querer colocar em xeque a índole, não só minha como a do corpo técnico formado por servidores de carreiras”, diz o diretor da Emha.
Eneas José explicou que o Pró-Moradia, do Governo Federal, é um programa que vem com várias modalidades, incluindo o de desapropriação de prédios abandonados (que é o caso). O recurso Retrofit (programa de reforma) é único e exclusivo para a finalidade de reforma em prédios abandonados em grandes centros.
O diretor da Emha afirma ainda que o trabalho da equipe é uma solução alternativa e inovadora na cidade. “Ele foge da mesmice, se nós não formos e garimparmos esse recurso do Governo Federal, outra cidade vai pegar. Esse projeto é pioneiro e a conotação de que a obra seria superfaturada me causou indignação”.
Outro lado
Procurado, Salineiro disse que não chamou ninguém de corrupto, ou algo relacionado a obra de cunho eleitoreiro. Afirmou ainda que a única coisa que existe é o vídeo da sessão da Câmara, no qual não acusa ninguém.
Na visão do parlamentar não são criticas, são apontamentos de um projeto temerário e que ainda pode ter aditivos, levando mais dinheiro público. “Campo Grande tem um déficit e precisamos aumentar [o número de moradias]. Mas, que seja feito com dignidade porque não é justo que a pessoa more num quarto de hotel que terá de ser adaptado. Poderia pegar esse valor, construir moradia nos vazios demográficos que temos e, com o que sobrar, levar a infraestrutura que precisa [saúde, educação], caso não tenha”.
Dinheiro específico
Questionado sobre o desconforto, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) reiterou que o investimento é vindo do Governo Bolsonaro. Ele disse que entende o posicionamento do vereador, mas "não tem fundamento".
“Eu não posso utilizar esse dinheiro para construir moradias distantes a 25 km do centro. Ou pega esse dinheiro para a reforma do prédio ou não pega. Dos 27 estados, 21 solicitaram e somente cinco vão ganhar. Das unidades, 50% é para moradores fixos com renda de 1 a 3 salários os outros 50% é para moradias locadas a universitários”.
O diretor-presidente da Emha deve comparecer na Câmara na próxima terça-feira, para conversar com vereadores.