Se a população já sofre quando o atendimento é realizado normalmente nas unidades de saúde de Campo Grande, imagina quando a categoria delibera pelo início de greve. O TopMìdiaNews percorreu três UPA’s nesta segunda-feira (26) e constatou que os profissionais estão cumprindo a escala de plantão, porém, deram o ponta pé inicia na “Operação Tartaruga”.
De acordo com o Sinmed (Sindicato dos Médicos do Mato Grosso do Sul), cerca de 1.100 profissionais que prestam atendimento na Capital reduziram o atendimento em 70% do efetivo nas unidades ambulatoriais e 30% nas unidades 24 horas. A assessoria da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) confirmou que não registrou falta de nenhum médico nas unidades e tem conhecimento de que o atendimento é realizado a ‘passos lentos’.
No UPA Leblon, apenas dois pacientes recebem atendimento a cada uma hora. O Guarda Municipal pediu a colaboração dos mais de 40 pacientes, que começaram a tumultuar o local, já que a maioria das pessoas que buscaram atendimento na unidade, completaram mais de cinco horas de espera.
O comerciante João Bezerra da Silva, 44 anos, afirmou ao TopMìdiaNews que chegou cedo no local com dores no corpo, mas foi orientado a esperar. “Cheguei cedo aqui, não era nem 8 horas e continuo aqui. Eles falaram que estão em greve e que devem priorizar as emergências, mas isso é feito quando eles não estão em greve já. Mas como estou aqui e com muita dor, eu vou esperar”.
Na última sexta-feira (23), a greve da categoria foi suspensa na justiça pela Prefeitura da Capital, mas com não houve notificação oficial, os profissionais ‘cruzaram os braços’. Mais de 60 pacientes se aglomeram na UPA Universitário, com diferentes sintomas e reclamam da falta de consideração dos médicos com os pacientes.
José Francisco do Nascimento, 65 anos, disse que chegou no local às 7 horas, com fortes dores nos rins e aguarda há mais de quatro horas por atendimento. “Eu cheguei aqui era 7 horas, estou com muita dor nos rins, mas até agora nada. O Atendimento está mais lento do que o normal, porque o normal é ser lento, está pior, eles avisaram da greve, estão passando atendimentos graves na frente e vamos aguardar, já estamos acostumados com essa falta de respeito com as pessoas”.
O TopMídiaNews questionou a direção da unidade sobre a forma utilizada pelos profissionais para atendimento, mas a mesma recusou fornecer explicações sobre o atendimento no local. Outra UPA que conta com a aglomeração de pessoas em busca de atendimento médico é a UPA Moreninha, que também oferece atendimento lento.
Márcia da Rocha de Jesus, 45 anos, que acompanha o pai na consulta com o clínico geral, disse que foi atendida com rapidez porque o caso do pai é considerado grave, mas destaca que muitos pacientes estão nervosos no local, já que estão há horas aguardando atendimento. “Do meu pai foi rápido porque o caso dele é grave e faz parte de um tratamento, mas as pessoas estão bem nervosas lá dentro porque o atendimento está muito lento. Tem gente que chegou de manhã e deve ficar aí até de tarde”.
De acordo com as enfermeiras da unidade, os médicos de plantão combinam entre si, de atender uma porcentagem de pacientes considerados não urgentes por plantão, o que gera transtorno no local.
Greve
No último sábado (24), o prefeito Marquinhos Trad (PSD) afirmou que estava surpreso com a decisão da categoria, ao deliberar pela greve, já que o município entrou com ação para impedir o estado de greve e teve o pedido acatado pela justiça. Em caso de descumprimento, a justiça fixou multa de R$ 10 mil.
Em entrevista ao TopMídiaNews, Marquinhos confirmou que foi informado hoje pelo presidente do Sinmed, Flávio Freitas Barbosa, que a categoria deve entrar em greve na segunda. "Fiquei surpreso quando o presidente anunciou que a categoria vai descumprir a decisão judicial e entrar em greve. Ele me disse que eles irão manter a greve e vão pagar a multa de R$ 10 mil por dia".
Por meio da assessoria de imprensa, o Sinmed confirmou que a greve está mantida e informa que a duração da greve será de 10 dias, respeitando os limites previstos em lei, de manter 70% dos profissionais na urgência e emergência e 30% no atendimento ambulatorial.
A categoria luta por melhorias salariais desde março e, durante as negociações com a prefeitura, os reajustes oferecidos eram em cima de gratificações impostas por decreto e que podem ser retiradas a qualquer momento. O esperado é uma oferta de reajuste em cima do salário base, que há três anos é de R$ 2.516,72.