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Retrospectiva 2021

27/12/2021 17:00

Famílias guardam 2021 como 'pior ano' e choram mortes por Covid

Mailson se despediu de duas pessoas que amava e Andreia deu adeus ao pai, seu porto seguro

2021 foi um ano de tristeza e ficou marcado com despedidas doloridas para Mailson  Gomes do Nascimento, 33 anos e para Andreia Padilha dos Santos Pereira, 26 anos, ambos moradores de Campo Grande. 

Os dois tem um comum, a despedida de entes queridos, vítimas de Covid-19. O piscineiro encara a falta de duas peças importantes, que deixaram saudade na família Gomes. 

Dona Genícia Francisco Gomes, avó de Mailson, partiu aos 78 anos, vítima da Covid-19, no dia 17 de abril. Oito dias depois, a filha dela, Lídia Gomes do Nascimento, 51 anos, também perdeu a batalha para a doença e deixou o rapaz e os irmãos despedaçados.

Poucos dias antes de partir, Lídia deixou uma missão, com um pedido especial aos filhos.

“Ela falou para a gente cuidar um dos outros, que não era para a gente se separar, que ela amava muito a gente, que ela não estava aguentando mais, que ela não conseguia respirar e sabia que não ia voltar. Ela tinha diabetes, foi um baque, mas pedimos para ela ter calma. Ela faleceu no dia 25 de abril, seguido do falecimento da minha avó”, conta o filho emocionado.

Mailson herdou a paixão pelas plantas da avó.

“Minha avó tinha paixão pelas plantas, herdei isso dela. Ela fazia aquele cafezinho no final de tarde, tinha conversas boas. Da minha mãe eu guardo todo carinho, respeito, tudo que sou hoje, só tenho a agradecer a ela.  Hoje o que digo para pessoas, valorize, dê mais atenção, mais amor, mais carinho, mais respeito”, diz o jovem.

Pai, um herói sem asas

Assim como Mailson, Andreia também teve que se despedir de um grande amor, seu porto seguro que atendia pelo nome de Jorge Alberto dos Santos Pereira.

Jorge utilizou cilindros de oxigênio para respirar, mas morreu aos 51 anos de idade.  

Emocionada, a filha relembra a garra do pai, que criou sozinho, três, dos cinco filhos que tinha. 

Mailson com a mãe e a avó

Jorge com Andreia e o filho - Foto: Arquivo Pessoal

“Ele criou eu, o Vitor e o Davi. Meus pais se separaram quando eu tinha 11 anos. Optei por morar com ele. Logo depois foi Vitor e o Davi. Meu pai não era casado. Eu e ele criamos os meninos. Meu pai várias vezes pensava em desistir, porque era muito pesado para ele. Criou três filhos sozinho. Graças a Deus tivemos ajuda dos vizinhos também, mas ele sempre foi um homem muito forte. Eu sei que criar os filhos não foi fácil. Sempre tirei chapéu por ele ter me criado muito bem, criado meus irmãos bem.

Ele sempre foi muito rígido, sistemático, era jeito dele, às vezes era meio grosso, mas sempre ensinando os filhos a serem fortes”, relembra a filha. 

Jorge foi quem segurou a mão de Andreia, em um dos momentos mais importantes de sua vida. 

“Um dos momentos mais importantes que eu tenho na memória é do meu parto. Ele estava comigo, ele que me deu todo apoio, é a lembrança mais forte que tenho. Ele do meu lado enquanto eu sofria com parto normal, era ele, estava do meu lado me dando força. Foi um parto muito doloroso, teve uma hora que achei que não ia aguentar mais, mas ele estava ali, do meu lado, me dando muita força”, diz Andreia. 

A netinha Heloísa, chamada carinhosamente pelo vovô de Helô, era o chameguinho de Jorge. 

 
 

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