Feliz da vida ao ver a recuperação do neto Yago Souza Sodré de Noronha, a avó materna Adriana de Souza, 47 anos, que se tornou mãe do pequeno após o falecimento da filha, Renata Sodré, destaca que o bebê passou o primeiro ano de vida internado, mas o período foi de alegria para a família, que conseguiu R$ 2,5 mil em doação para comprar a medicação que o neto precisava.
“Ele teve Síndrome de West e tinha que tomar três ampolas do medicamento. Todo o medicamento dava esse valor. Ficamos preocupados, mas graça a Deus as pessoas olham muito por ele. Conseguimos o dinheiro, ele passou o aniversário de um aninho internado, mas foi um alívio”, relembra a avó.
Sobre os preparativos para comemorar 2 anos de vida do netinho, Adriana explica que Yago não terá festa, já que o médico recomendou manter a criança longe de barulho para evitar crises convulsivas. “Eu levei ele em uma festinha de criança e ele convulsionou. Vieram duas viaturas do Samu e foi aí que ele voltou. Ele não pode com locais barulhentos, ele fica muito agitado e acaba tendo crises. Não tem como fazer festinha de aniversário”.
Sentado em uma cadeirinha improvisada, Yago distribui muitos sorriso enquanto a avó conversa com o TopMídiaNews. “Ele é assim, muito sorridente, fica o tempo todo sorrindo, desse jeitinho”.
Sobre as primeiras palavras, a avó destaca que Yago já improvisa chamar o pai. “Ele fala 'papá', fica sentadinho na cadeira e solta o 'papá', perguntando do pai. Ele ainda não engatinha, nem senta sozinho. Mas os médicos me orientaram que tudo dele seria mais demorado que os outros bebês”.
Adriana vê a personalidade da filha falecida no neto. “Ele parece muito com o pai dele, mas tem o gênio forte da minha filha. Tudo que ele quer, fica pedindo e, se não der, fica bravo. Ele bate o pé até conseguir, do jeitinho que era a minha filha”.
O caso
Yago Souza Sodré de Noronha é fruto do amor de Eduardo de Noronha, 25 anos, com a jovem Renata Sodré, que faleceu aos 22 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ele é protagonista de um caso inédito em Campo Grande, já que Renata foi mantida em aparelhos até o parto, que aconteceu no dia 31 de março de 2017.
O prematuro chegou ao mundo se despedindo da mãe, que foi enterrada no dia do nascimento da criança. Com dois dias de vida, pesando 1 quilo e 50 gramas, o pequeno contraiu uma bactéria, deixando os familiares em pânico. Os médicos conseguiram estabilizar a situação do bebê, que continuou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neo Natal da Santa Casa.
O pequeno passou por procedimento cirúrgico de correção da artéria que irriga o pulmão, devido a uma má formação. Com sol ou chuva, os familiares sempre estavam ao lado de Yago nos horários permitidos pela equipe médica.
Médicos, enfermeiros, técnicos e toda a equipe da Santa Casa se uniram e se dedicaram diariamente para a recuperação do prematuro. Um laço de amor e carinho foi criado entre os profissionais e o pequeno. Ao completar cinco meses de vida, ele foi transferido da UTI para a UI (Unidade Intermediária) ao atingir 1.685 kg e passou a ter, conforme o neurologista Walter Perez, um contato maior com a família, que começou a segurar por mais tempo o bebê nos braços.
Os profissionais começaram a se dedicar para que Yago deixasse de respirar com a ajuda de aparelhos, aprendesse a mamar sozinho para atingir o peso necessário e ir para o aconchego do lar. Após seis meses de hospital, o médico Walter Perez, a intensivista Patrícia Berg Leal e a neonatologista Claúdia Guimarães entregaram o pequeno aos braços dos familiares, com a tão sonhada alta. Ele deixou o hospital com 50 cm, pesando 3kg.